segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

SERJ TANKIAN

Desse bando de banda ruim que surgiu após o suicídio do grunge nos anos 90, querendo inventar algum movimento significativo, o System of a Down se destaca porque, apesar de misturado ao nojo do New Metal, não pertence ao mesmo meio dessa gente (não há nenhum adolescente acéfalo imitando o Ja Rule) e mostrou uma proposta bem mais interessante que esses neo-rapeiros. Seu rock não teve medo de ofender claramente o governo George W. Bush “Jr.” (se não me engano, são os que mais perseguiram o cara) e ainda, só pra apimentar, trouxe influências musicais asiáticas bem reforçadas pela ascendência armênia dos integrantes da banda. Pros EUA e principalmente pro presidente Bush Jr., qualquer coisa que venha de perto daqueles lados do planeta já rende pano pra manga, não? Uma banda assim, surgida no momento que surgiu, é no mínimo divertida. Eles até tiveram um clipe, o de Boom!, dirigido pelo Michael Moore, aquele cara que deu um “vem-cá-que-eu-te-cato” no Bush em plena cerimônia do Oscar...

É complicadinho definir o som da banda. Não é hardcore, não é new metal ou mesmo “qualquer-coisa-metal”. É uma gororoba. O som é rápido, pesado, bem pesado, mas muito melódico também. Tem uns barulhinhos incomuns em bandas de rock e a voz do vocalista, Serj Tankian, é bem exótica e nos remete de fato à cultura daquela região sempre conflituosa. Acho que é o seu exotismo que me chama a atenção. O exotismo e o barulho, que é forte, mas amenizado pela melodia que permite que a letra, e logo a mensagem, exista. Suponho que eu tenha os dois principais cds, e gosto muito deles: Toxicity, de 2001, e Steal This Album!, de 2002. Algumas letras, por mais dúbias, chegam a ser tragicamente doces, e adoro quando Serj grita em êxtase “Why can’t you see that you are my child, why don’t you know that you are my mind, tell everyone in the world that I’m you, take this promise to the end of you” (escrevo de cabeça, hein!), em Forest, e os berros de “Disorder, Disorder, Disorder!”, de Toxicity. Tudo bem que essas músicas estão longe de ser lados-b, mas eu não sou nenhum indie pra odiar hits, fora que nem acompanho rádios ou inferninhos pra saber o que toca e o que não toca por aí, pra só então definir meu gosto...

Sei também, sim, eu sei que muita gente deve preferir o baterista do SOAD na hora de ir bater uma punheta. Eu era assim... até sou ainda, mas como eu também gosto de gente esquisita, a esquisitice do Serj foi me chamando a atenção aos poucos. Ele é muito de fazer graça, e eu não gosto disso, odeio gente “engraçadinha”, mas curto o tipo meio feio dele. Principalmente com o cabelo curto, porque não curti ele com a juba grande, não... E tenho um tesãozinho nesses turcos, armênios, árabes, o que seja. Não sei se é pela imagem violenta, conservadora que passam sobre eles, talvez seja. Pela questão do conservadorismo principalmente. Isso mistifica um pouco o sexo, dá um quê de transgressão... Perdoem-me se ofendo os mais politizados com a problemática toda que assola o mundo e pareço meio fútil, mas é que o tesão é meio fútil mesmo, não se preocupa muito com certas coisas. E prometo ainda escrever sobre o Dolmayan, o baterista. Ele é bonitinho também.

E como não poderia deixar de ser, Serj Tankian, a grande voz do SOAD, lançou disco solo recentemente: Elect the dead. O som é bem parecido com o da banda, o que não me deixa entender o porquê desse disco. As letras, a proposta, é tudo tão igual que ele não precisava lançá-lo fora do grupo. Talvez os caras estejam passando por briguinhas e tals. Espero que tudo se resolva logo, porque o System of a Down não tem de acabar agora, acho que tem fôlego pra mais um tempo. Porém... se quiserem tirar o cocô daquele outro vocalista, o Daron – bem chatinho ele –, aí sim terão dado um passo certo!

Ah, sim! Serj também é poeta! Tem um livro publicado, o Cool Garden. Parece inclusive que foi bem recebido pelos entendidos no assunto. Como diria um amigo: Tá, mobein?

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

XANDE TAMIETTI

Xande é o homem que substituiu a máquina. Até 1995, o Pato Fu usava uma bateria eletrônica, mas decidiu humanizar esse lado da banda e chamou o músico mineiro para ocupá-lo. Com dois discos já lançados (Rotomusic de Liquidificapum, de 93, e Gol de Quem?, de 94), Xande estreou no terceiro do grupo brasileiro com o semblante mais indie que já se viu, Tem Mas Acabou, de 96.

Quase sempre independente, o Pato Fu talvez não tenha sido devidamente valorizado. Faz um rock/pop às vezes engraçadinho, às vezes mordaz, mas nunca óbvio. Há quem ache a banda “fofa”, adjetivo fortificado após a explosão do conceito indie na última década, os esquisitos anos 90. Fofucha como uma criança bonitinha que não faz mal a ninguém. Um grupo com um som alegrezinho, ingênuo, colorido, nem bom nem ruim. Injustiça, claro. Quando surgiram, indies eram bandas que, além de independentes, tinham uma aparência “nerd” (finalmente os “losers” ganhavam espaço) e faziam um som que tentava se despir dos exageros de qualquer estilo musical, sem deixar de lado qualquer proposta, fosse a rebeldia, a agressividade, ou mesmo a inocência. Não era exatamente rock, embora, como sempre, essa vertente é que tenha ganhado mais atenção. Como nerds nunca são populares, o “movimento” se desenvolveu à margem do show business e da grande mídia, juntamente com a individualista e introspectiva música eletrônica e a negra hip hop, outros estilos a moldarem os anos 90 mesmo sem o grande público perceber.

O Pato Fu é indie e nerd, na aparência e no modo como conduz a carreira. Dispensam padrinhos, seguem seu caminho com calma e liberdade (tal desprendimento rendeu até um histórico atrito com Milton Nascimento à ocasião de uma premiação musical, porque o medalhão da MPB havia entendido que seus conterrâneos negavam e até desdenhavam uma influência do seu antigo projeto, O Clube da Esquina). Seu som, por vezes parecido com o de desenhos animados, esconde letras não tão fofas assim. Há de tudo: tragédia, miséria, revolta, solidão, deboche... Essas coisas humanas, sempre ditas de maneira inteligente e perspicaz. Tiveram seu momento MTV, lançaram alguns álbuns como funcionários de Gravadoras, mas agora voltam à obscuridade dos músicos sem donos. O último lançamento é Daqui Pro Futuro, destes 2007. Disco um pouco ofuscado pela carreira solo da vocalista, que acaba de lançar um elogiado cd em homenagem a Nara Leão.

Um detalhe que sempre noto é que talvez clipes e rádios não foquem o melhor das bandas. Principalmente agora com o advento da Internet, sugiro que sempre que acharem algum valor em alguém, busquem pelo álbum completo e ouçam todas as faixas, mesmo que algumas vezes. Surpresas podem aparecer. No caso do Pato Fu, sempre aparecem. Vivo Num Morro, Nunca Diga, Porque Te Vas, Licitação e Um Ponto Oito são faixas que adoro, mas que não tocaram por aí.

A maioria delas do Televisão Pra Cachorro, primeiro cd que peguei da banda, lá pelo ano de 98, quando de cara percebi a tímida presença de Xande Tamietti. Fiquei encantado, eu não imaginava que poderia haver um cisne entre os patos. Ele não fundou o grupo, talvez não participe ideologicamente das criações todas, mas é o charme a mais que todo artista (ou conjunto de) precisa ter. Fofo ele.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

STEVEN MORRISSEY

(The Queen is alive)

“O maior inglês vivo” é também a grande influência da música alternativa. Nenhum artista sério surgido após o lançamento do primeiro álbum dos Smiths, lá pelo ano de 1984, nega essa referência. Morrissey é a grande herança dos Smiths. Suas letras, melancólicas para uns, sarcásticas para outros, são os salmos da década de 80. Sabe quando uma banda é considerada uma religião? Pois então: The Smiths é uma religião. E, como eu mesmo já li, uma das três maiores bandas de todos os tempos, sejam quais forem as outras duas.

Os Smiths tiveram carreira curta. Acho que nem dez anos completaram e lançaram quatro álbuns de estúdio, vários singles e algumas compilações. Curioso é que a música mais famosa da banda, How Soon Is Now? (da letra: “I’m human and I need to be loved, just like everybody else does – Eu sou humano e preciso ser amado, assim como todo o mundo”, que concentra bem a temática de Morrissey), foi lançada como single lado b após o primeiro disco. Depois do fim, Morrissey fez alguns trabalhos solo. O mais recente, de 2006, é Ringleader of The Tormentors.

E cá está o Sir “Irish blood, english heart” n’O Caralho. Sexualmente, ele não me atrai muito. É delicado demais pra mim, sou mais chegado num cafajeste que maltrata, mas não posso negar que o que lhe atormenta o coração me comove também. Sem falar que um blogue gay a tratar de música, ou de qualquer coisa!, não pode de maneira alguma deixar de mencionar esse cara. Voltando aos superlativos, e talvez eu me arrependa de dizer isso, é sabido que Morrissey é o maior ícone gay da música. O mais respeitado ao menos.

Tudo bem que ele passou a vida fazendo cu doce, se dizendo assexuado, e só agora dá sinais de alguma libido lhe fervendo o sangue. Tudo bem também que, como sempre, suas letras não sejam necessariamente explícitas. The Boy With The Thorn In His Side, umas das que mais gosto, é belíssima se você decide interpretá-la como algo gay, mas não há uma palavra que lhe carimbe esse rótulo: “How can they see the love in our eyes / And still they don't believe us? / And after all this time / They don't want to believe us – Como eles podem ver o amor em nossos olhos / E ainda não acreditar em nós? / E depois de todo esse tempo / Eles não querem acreditar em nós”. Não dá pra negar, entretanto, que mesmo na sua dubiedade, mesmo nas coisas não ditas, Morrissey se fazia entender. Suas angústias, suas aflições, suas tristezas, sentimentos universais, mas nós sabíamos, sempre sabíamos, sobre o que ele cantava. Sua postura diante da vida não é ambígua.

Para os brasileiros, é quase irresistível a comparação do ídolo oitentista com um nosso, da mesma época: Renato Russo. Talvez a intenção seja a mesma, talvez a importância seja a mesma, guardadas as proporções. Renato pra mim canta melhor, tem letras boas também, mas a produção musical de suas canções não chega perto da do inglês. E tal comparação, para muitos, é mais uma ofensa a Morrissey que uma tentativa de valorização do líder da Legião Urbana. Como já disse um amigo: “A única coisa em comum entre Morrissey e Renato Russo é a proeza de terem colocado versos homoeróticos na boca de milhões de adolescentes”.

Hoje o eterno vocalista dos Smiths beira os cinqüenta anos, veste terninho para envelhecer com elegância e está a toda com seu trabalho, mesmo porque os anos 80 sofreram uma revalorização nos últimos tempos e todos os hits dessa época tocam à exaustão em qualquer balada. Penso até que os anos 80 se tornaram o sorvete de creme das “buati”. Sabe? Em qualquer festa, um sempre odeia chocolate, outro coco, outro morango, então o anfitrião serve sorvete de creme, porque não tem sabor, cheiro nem cor, e todo o mundo come. Numa balada hoje é assim: quer ficar em cima do muro, dá-lhe anos 80! E dancemos felizes (ou não) para sempre.

domingo, 16 de dezembro de 2007

RODRIGO LIMA

Não sei se é pela minha idade ou por alguma característica do meu estilo de vida, mas não sou da geração do Dead Fish, banda do Rodrigo Lima, na qual é vocalista. A banda é já do finalzinho dos anos 90; lançaram o primeiro disco, Sirva-se, em 1998, apesar dos seus 16 anos de estrada. Portanto não sei exatamente medir sua importância para o rock brasileiro, por mais que eu sempre tente prestar atenção em coisas novas, ainda mais daqui. Não é que eu seja velho, não sou, mas quando o Dead Fish se fez mais visível, lá pelo ano de 2004, à época do seu primeiro álbum por uma gravadora grande, Zero e Um, eu não era mais um adolescente e costumava não prestar muita atenção no que pessoas de 13, 14 anos escutavam. Além do mais, surgiu junto com o fenômeno “emo”, aquele popzinho choroso com guitarras, e, botando tudo num mesmo saco, deixei pra lá.

Foi quando eu notei o Rodrigo: barbudinho, peludinho, gostosinho. Parecia um estudante de humanas simpatizante do socialismo. Coisa bem interessante. E cantava de um jeito bem punk, quase desafinado, em total desarmonia, desritmado, porém tinha voz, e potente, segura, suportável. Diferente de uns aí que ao vivo parecem apenas arrotos frustrados.

 
O cara comete excessos típicos de quem precisa, pra si e pros outros, provar que é sério, que faz um trabalho importante, com proposta definida e nobre, mas diante de toda uma geração que não lê, não aprende, não pensa, isso se torna bobagem e seu trabalho ganha realmente um caráter respeitável. Baixei músicas deles e tenho ouvido com certa freqüência, ouço enquanto escrevo este texto, e digo que há sim hardcore bom nelas, há sim um rock jovem, agressivo, questionador e rebelde (com causa). E, não, eles não são emos.

Tudo bem que eu me interessei pela banda por motivos sexuais, tô me fudendo pra isso, mas acho que não importa como a porta abre, importa que ela abre. Continuo achando o Rodrigo gostosinho, assim como boa parte da banda, pela qual devo tirar ainda mais algum texto, mas agora dou mais valor ao Dead Fish e me alegra saber que nem todas as bandas jovens, dessas que estão na mídia de uma forma ou de outra (vale observar que lançaram um MTV Apresenta em 2004 e foram banda-revelação do VMB no mesmo ano), são banais. Vida longa a esses rapazes capixabas.

Antes de encerrar, porém, deixo uma crítica aos internautas brasileiros. É incrível como é difícil achar fotos e boas informações sobre os artistas daqui. Os sites oficiais são uma bosta (os da Uol então!) e quase não há páginas de fãs. Caralho! E eu procurando por fotinhas bonitas do cara e sem achar. Querendo uma dele sem camisa.... (Alguém tem? Me manda?). Não é possível que eu seja o único a pagar um pau pra ele. E à merda aqueles que me disserem que o que tenho de valorizar é a obra, não a imagem. Vocês é que precisam beber e meter mais.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

PHIL ANSELMO

Esta postagem tem conteúdo adulto, desaconselhável a menores e moças de família. Caia fora!
(Adults only, please, motherfucker)

Nazista, fascista, skinhead, bichona. A fama de Phil oscila entre extremos. Boatos que talvez sejam reflexo de uma personalidade aparentemente bastante imatura, como a de um adolescente deslumbrado que só sabe se drogar e fazer merda. O cara tem trejeitos e fala como se fosse um idiota marombado, que precisa a cada instante provar que é macho. Não é só ele, claro, muitos do meio do Metal são assim, e isso ajuda a construir a lenda que é, e a caricatura que hoje tanto ridiculariza o rock pesado das últimas décadas.

Phil é da geração do ódio. Já estampou revistas com outros sob a legenda de que incitava a violência com sua música e atitudes. Se não fosse assim, porém, sua carreira seria um fracasso; afinal, é ícone do Thrash Metal, estilo popularizado com o Pantera, principal banda de Phil, e se caracterizava justamente pela agressividade dissonante de suas guitarras e vocais. É assim no ótimo The Great Southern Trendkill, disco que já mostra um Pantera bem mais maduro e peculiar que o Cowboys From Hell, álbum que catapultou a banda como grande nome do Metal, mas que ainda cultivava gritinhos hoje associados aos posers.

Além de seu talento, da personalidade forte e de suas famas algumas vezes paradoxais, Phil é muito conhecido também pela sua beleza. Não conheço ninguém que não admita que o cara é gostoso. O personagem que cria de si mesmo contribui também para a libido que desperta nos outros. Sua “macheza”, sua “escrotice”, aliada a seus dotes físicos faz que muitas menininhas e menininhos, principalmente aqueles que não buscam qualquer diálogo com seu ídolo, se deliciem por horas no banheiro ou até mesmo trepem ao som de seus berros exagerados.

Outra fama é a do tamanho do seu pau, muito bem confirmada pelo próprio Phil. A fama tomou força quando, num festival qualquer, Marilyn Manson o viu se trocando e espalhou por aí que nunca havia visto pau maior na vida. Phil confirmou o incidente e disse sem vergonha: “É grande mesmo, fazer o quê?”.

Hoje em dia o Pantera não existe mais e Phil tem outros projetos, como o Superjoint Ritual e o Down. Sua aparência não é mais a mesma, passou por alguns perrengues, engordou, deixou cabelos e barba crescer e quase se acabou nas drogas. Recentemente mostra-se mais recuperado da decadência física, porém, amargurado pela morte do ex-companheiro de banda Dimebag Darrell, tem crises de depressão, e tenta limpar sua imagem, não parecer mais “um tolo”. Lançou pelo Down o novo “Over the under”, “primeiro registro sóbrio” que fez.

sábado, 8 de dezembro de 2007

SUPLA

É fato: o mais bonito homem do rock brasileiro. E um cara um tanto injustiçado também. Sua obra realmente é um tanto dispensável, suas músicas quase sempre são bem ruins, as letras são tolas, “engraçadinhas”, com uma riminha óbvia. Pesa contra ele também o fato de se autodenominar punk vindo de uma família altamente burguesa, embora seus pais sejam políticos esquerdistas – mas de uma esquerda que não significa mais nada. Seus shows são mais interessantes, porque permitem que ele se expresse de maneira mais pessoal, improvisada, livre. Aí é que está o seu valor. Supla tem grande personalidade, diria até que a mais interessante dentro do rock brazuca, ao menos o comercial. A sua irreverência, despida de sua insistência em ser punk, torna-se coragem e ele passa a ser um dos caras de mais atitude da música [rock] popular brasileira. Comparado a ele, talvez apenas o Roger, do Ultraje a Rigor.

Só o Supla teria o cacife de fazer uma homenagem aos gays, com gírias bem específicas (“pega na neca”, “aqüenda”) e citando nomes típicos do mundinho das “buati” (mesmo que sua tentativa de homenagem soe constrangedora). Um homem hétero, famoso, do tipo que freqüenta os maiores programas de auditório... Sim, ele tem coragem, atitude, e valor! Seu novo disco, o mesmo dessa “Arrasa bee” (lançada em plena Parada do Orgulho Gay), é o Vicious, de 2006, e ainda traz a impagável “Porque eu só quero comer você”, frase que estampou cartazes imensos pela cidade divulgando seu show. Sim, isso é punk. O problema começa quando vai se ouvir a música...

E como essas, várias canções, várias atitudes. Supla explora o sexo, os costumes, a mídia, a política, de forma sempre debochada e até original. É um “performer”, um “show man”. Se tocasse e cantasse um pouco melhor, seria um grande rockstar. Pena que às vezes beire o clichê, a caricatura, como quando canta horrores como a “Green hair” – “Japa girl”, pros íntimos – e assume um posto de artista brega (“trash”, pros indies). Sua oscilação entre o genial e a bobagem o prejudica muito. Mas seu papel na música já está definido.

Para quem não o conhece, Supla estreou em 85, com a banda Tokyo, meio pop, meio rock, mas a banda acabou rápido, apesar das surpreendentes parcerias na época (Supla gravou a antológica “Garota de Berlim”, com a musa do punk, a alemã Nina Hagen). Depois aventurou-se em carreira solo, sempre com forte apelo sexual sobre sua imagem. Nos anos 90, ficou meio esquecido até que ressurgiu nos anos 2000 como o “rei dos piores clipes do mundo”, programa da MTV, e como o mais popular personagem da Casa dos Artistas, espécie de Big Brother com celebridades “b”. Voltou ao auge com o álbum O Charada Brasileiro (2001), vendido de modo independente, por bancas de jornal. Hoje em dia apresenta um programa de tv, o Viva à Noite, que não deve durar muito. 

Some rights reserved