terça-feira, 24 de junho de 2008

NIKLAS "KVARFORTH" OLSSON

Confesso que o universo de Niklas Olsson, vocalista do Shining, me é um pouco desconhecido. Sonoramente, meu contato com o Black Metal sempre se deu em meio a vários outros sons na época em que eu ainda freqüentava baladinha gótica. E nunca diferenciei aquelas tantas vertentes depressivas. Fisicamente, digamos assim, meu contato com a tribo é quase nulo. Talvez só ocupamos o mesmo espaço num festival de motoqueiros em que fui uma vez, e uns amigos góticos, um deles vestido de kilt, temiam cruzar com os tais Black Metal, que entendi ser uma espécie de skinhead das trevas. Bobagem, talvez.

O Black Metal é uma vertente do rock pesado a ter como tema o satanismo, o paganismo, o suicídio, além de não raro cultivar atitudes como a queima de igrejas e até assassinatos. Busca ser “extremo” e muitas vezes adota um visual que lembra coisas repulsivas, como um cadáver em decomposição (corpse paint). A música no geral traz tons menores, a fim de criar uma atmosfera sombria, guitarras rápidas, baterias rápidas, vocais guturais ou agudos, e ocasionalmente o som de harpas, teclados, órgãos... Uma definição que me faz lembrar outros estilos, mas, se eu botar tudo num mesmo saco, vai chover reclamação aqui.

Niklas é sueco, multi-instrumentista, tem 24 aninhos até então, integrante de várias outras bandas como Skitliv, Ondskapt, Diabolicum, Den Saakaldte, Funeral Dirge e Bethlehem, todas de sonoridades semelhantes. É mais conhecido pela Shining, formada em 96 e cujo último lançamento foi o disco Halmstad, de 2007. Está prometido para este ano o álbum Klagopsalmer. A banda tem a alcunha de “black metal suicida” e Niklas já se vangloriou de ela aparentemente ter influenciado alguns óbitos. Em 2006, ele também fingiu uma morte e apareceu como sendo outra pessoa, substituindo a si mesmo na Shining, mas a brincadeira durou apenas poucos meses.

Meu primeiro contato com ele foi há pouco tempo, através de um vídeo na Internet, onde, num show, Niklas aparece cantando com Maniac, integrante da também Black Metal Mayhem, da Noruega. O vídeo é muito interessante. Os dois aparecem numa pegação surpreendente, dando beijos, encoxadas, dando vinho um pro outro pela boca. Sabe-se lá qual a proposta disso, há quem diga que é romper com alguns... “tabus”. Bem, espero que seja mesmo. Fato é que fiquei de pau duro quando vi. Quando percebi então que o tal do Niklas era bonitinho e até gostava de abrir o zíper em shows, não teve jeito, bati uma (e lá vou eu ler milhões de mensagens me xingando por dizer isso). E agora tô aqui, homenageando mais uma vez ele, dessa vez com palavras, divulgando sua existência, e garantindo que ele é um belo de um caralho.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

BRUNO FOCA


Continuando a saga dos ursos e do queercore, me sinto no dever de falar como anda essa cena aqui no Brasil. Não que ursos e queercore pertençam a um mesmo universo, mas confesso que, quando cruzo com alguém de um desses segmentos, logo cruzo com alguém do outro. Aliás, entre os gays roqueiros em geral, ou melhor, entre os gays que curtem um rock bem pesado e sujo, é muito comum encontrar ursos e chasers (seus caçadores). Não sei por que isso acontece, talvez a contestação estética e comportamental do meio bear se estenda ao gosto musical, embora eu não tenha repertório para dizer que a maioria dos ursos curta rock. Talvez não. Minha bagagem só permite dizer que, entre roqueiros homossexuais, aqueles que se denominam ursos ou chasers são bem numerosos.


O meio queercore é bem pequeno, e creio que no Brasil seja quase ínfimo, principalmente porque não são todas as poucas bandas com alguma proposta simpatizante a assumir essa classificação de queer. Muitos preferem continuar se chamando apenas de hardcore ou punk, quase sempre por não querer cair num gueto. E foi justo entre o hardcore e o queercore que, aqui mesmo em São Paulo, conheci o Nerds Attack!, banda do Bruno Martins. Para os íntimos, o Foca.

 
Conheci o Nerds através de uma amiga que, ao ter enfim a certeza de que eu era gay, logo me falou da banda. Busquei por mp3s e fiquei ouvindo, decifrando que tipo de gente que fazia parte dela. Coincidentemente, um pouquinho de tempo depois, fui conhecer a Ursound, tradicional festa de ursos daqui, e fui vestindo uma bela camiseta do Limp Wrist. Logo após, constava numa comunidade da festa no orkut um tópico onde um membro da comunidade perguntava “quem era o cara com a camiseta do Limp Wrist”. Como o mundinho é sempre muito pequeno, fui acionado na hora por outros conhecidos e, pronto, eu era apresentado virtualmente ao Foca, autor do tópico, “fã roxo” da banda americana e vocalista do Nerds Attack! Não demorou para que eu fosse novamente à Ursound, conhecê-lo pessoalmente e me surpreender com seu carisma e sua simplicidade.


O Nerds surgiu em 2006 com a demo Punk Is Nerd? e o Foca foi o último a entrar na banda que, sempre frisa, existe pela amizade entre os membros. Lançaram algumas músicas em coletâneas de hardcore e estão para lançar este ano novos álbuns em parceria com outros grupos. Todas as informações disponíveis no MySpace da banda. Eles se classificam como “fastcore” e têm letras sempre engajadas com as questões políticas, sociais e sexuais. Músicas como “Você prefere de quatro ou de bruço” e “Se joga” são bons exemplos de que no Brasil também há um movimento crescente do rock simpatizante. É comum também que a banda se apresente travestida. O Foca mesmo vive fazendo grandes performances a dar inveja à mais esforçada cross dresser. É a liberdade sexual sem ambigüidades chegando pra ficar. Vale a pena procurar pelo trabalho desses caras e se inteirar de todo o movimento roqueiro e “plural” que existe por aí.

 
A propósito, é agora em junho que a banda completa dois anos de existência. Parabéns aos nerds, parabéns ao Foca, que, mesmo comprometidíssimo, enche de orgulho o universo dos ursos ;)

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