domingo, 26 de outubro de 2008

BRANDON FLOWERS

Ele me é outro caso de simpatia, mas não súbita. Custei um pouco, mas um pouquinho só, a gostar dele, e de seu jeito que de imediato me lembrou os indies babacas que freqüentam as boates alternativas daqui de São Paulo. Aquele tipo bichinha-descolada-fashion-fútil. Claro, eu não sei se ele é gay, não posso afirmar, assim como também não posso afirmar que ele é hétero. Esse não é o tipo de coisa que se afirma sobre alguém que você não conhece realmente, ou sobre alguém que nunca lhe disse nada pessoalmente. Ou que nunca fez nada de sexual contigo. Mas meu radar grita quando eu o vejo. Quando vejo seu olhar nos vídeos. Essa cumplicidade que só as bibas têm. 

Parece que ele é casado, e talvez chovam comentários aqui me xingando e dizendo que ele “não é gay coisa nenhuma”, assim como fizeram as fãs do Jared Leto, moçoilo “de quem tenho inveja porque pega as mais gatas de Hollywood” (hã?). Será que esse povo que vem aqui me xingar conhece esses caras melhor do que eu? Lembro de uma vez quando uma pessoa me disse que os gays têm mania de achar que todo mundo é gay. Já eu não me conformo como os héteros conseguem botar a mão no fogo por qualquer um, até por quem não conhecem propriamente. Tenha dó, né? Mas o Brandon é, ah, ele é sim, belíssima! E o Jared também.

E ou o meu radar não foi o único a gritar ou não fui o único a me sentir estranhamente atraído pelo rapaz. Rufus Wainright, "cantor gay" conhecidinho da cena indie, fez uma canção pro moço, Tulsa, sobre um encontro deles num bar de mesmo nome. Mas, enfim, nem vou me atraver a fazer interpretações profundas. Digo apenas que Brandon também não me pareceu, assim, um indie muito babaquinha. Quando prestei um pouco mais de atenção, comecei a achar a música Somebody Told Me, a primeira que ouvi do seu The Killers, bem divertida e atrevida, com seus versos de que o namorado da ex parecia era namorada. E no clipe, bem nessa hora da letra, aparecia um fulano da banda, com cara de mulher. Uma coisa bem andrógina.

A interpretação de Brandon, no entanto, é o que mais me chama a atenção. Ele tem um certo cinismo, um deboche que acho formidáveis. Também tem um jeito pomposo de ser no palco, um tanto exagerado, almejando algum glamour das antigas, que até é criticado pelos indies mais rasteiros. Coisa de gente azeda. Hoje em dia há espaço para resgates de estilos de tudo quanto é tipo, e Brandon parece ser realmente um “showman”, com letras inteligentes, interpretações ora cínicas, ora sofridas, mas sempre exageradas e bonitinhas. Ah, e tem isso: fui achando ele bonitinho, não é tudo? E como, além de gay, ele me parece mais passivo (principalmente sem barba), fico imaginando ele de quatro, com um pau na boca... Seria lindo, não? Acho que ele tem a boca macia.

Brandon, pra quem nunca viu mais gordo, é vocalista e tecladista do The Killers, banda que, embora americana, parece ser inglesa, o que é sempre uma vantagem. Ela pode ser colocada no mesmo saco que bandas como Franz Ferdinand e ser rotuladas como um “dance punk” ou algo que o valha. Pra facilitar, vamos dizer que são apenas indies, já que têm uma certa aura fashion e são, de fato, alternativos, de estilo bem híbrido. Rememoram algumas bandas oitentistas como The Smiths e Pet Shop Boys e integram a revivicação do pós-punk dos anos 2000.

O primeiro álbum é de 2004, Hot Fuzz, que já alcançou um bom sucesso. Ainda há o Sam’s Town, de 2006, e a compilação de raridades, Sawdust, de 2007 – este traz as curiosas Tranqüilize, com a participação do deus-cult Lou Reed, e a cover do Joy Division, Shadowplay. Pra agorinha em novembro está previsto Day & Age, cujo primeiro single, Human, já foi lançado.

Ouvindo agora tudo da banda pra poder me empolgar pra fazer este post, me sinto reafirmando pra mim mesmo que adoro os Killers e o Brandon Flowers. Já cheguei a dizer uma época que música preferida, para mim, era qualquer uma cantada por ele. Acho tesudo mesmo, gosto da voz, da personalidade. E gosto dele também, principalmente depois que deixou a barba crescer. Ficou com mais cara de homem e abriu mais o leque de possibilidades na cama. Porque, às vezes, versatilidade é tudo.


domingo, 5 de outubro de 2008

TILL LINDEMANN

Filho de poeta, Till também é um poeta. Não só por suas letras no Rammstein, mas literalmente. Cinqüenta e quatro poesias suas foram compiladas no seu primeiro livro, Messer, lançado em 2002. Além disso, é um músico bastante versátil, começou a carreira como baterista da banda First Arsch, já foi baixista, mas sua voz é que mais chamava a atenção e é hoje uma das principais a representar o metal alemão. 

O Rammstein aconteceu em meio a escapadas do guitarrista Richard Kruspe (outro belo caralho) entre as Alemanhas Ocidental e Oriental lá pelo ano de 89, mas só se “profissionalizou” por volta de 94 após a banda vencer um concurso de amadores. A partir daí foram conquistando a simpatia de muita gente como Trent Reznor (NIN) e logo se tornaram um fenômeno do rock, embora sempre cantando em alemão. Essa é uma característica curiosa da banda, que evita ao máximo se render ao inglês, mantendo alguma originalidade e auto-estima cultural. Para a banda, o alemão combina muito bem com o heavy metal, porque “é a língua da fúria”.

Tanto amor próprio gerou algumas interpretações errôneas sobre os rapazes, que já foram acusados de fascistas, de enaltecerem a raça deles através de mensagens subliminares em fotos e outras coisas. Tudo negado por eles, lógico. E com razão. O Rammstein possui uma postura até bastante “moderna”, “avançadinha”, bem longe de toda a titica nazista. Suas letras xingam os padres que chupam menininhos, atacam a homofobia, além de abordar, pra dar uma chocadinha, o canibalismo e o sadomasoquismo. 

O álbum de maior sucesso é o Sehnsucht (96), da estrondosa Du Hast, cuja tradução rende lorotas até hoje. Muita gente acha que o “hast” significaria “odeia” quando na verdade significa “tem” e na canção aparece como auxiliar de passado (assim como o “have” em inglês), o que é confirmado com o restante da letra (“Du hast mich gefragt”— Você me perguntou). A confusão se dá porque o “odeia” em alemão é “hasst” e a pronúncia, igual. Pra alimentar a confusão, a banda ainda fez uma versão em inglês da música intitulada “You hate” (“você odeia”). Pura gracinha. 

O último lançamento é o Rosenrot, de 2005, mas a banda promete novo álbum pro ano que vem, apesar dos boatos da saída de Till, que foram desmentidos. A banda tem um estilo bem híbrido, que dificulta a rotulação, mas são aceitos numa cena chamada NDH, ou Neue Deutsche Härte, ou ainda New German Hardness, que é uma coisa inspirada na música eletrônica. A banda mesma inventou o termo Tanzmetall, ou Dance Metal, mas são populares na verdade como “metal industrial”, ficando no mesmo balaio que Marilyn Manson, por exemplo. 

Till Lindemann é gostosão, tem cara de mau, de quem mete com força. Suas performances são um espetáculo à parte. Pra compensar o fato de que as pessoas não entendem o que canta, como ele próprio diz, Till recorre a pirotecnias e bizarrices diversas. Incendeia o corpo, se chicoteia, bate com o microfone na cabeça até sangrar, uma coisa de louco. Há quem diga que “outras bandas tocam, mas Rammstein queima!” e os colegas de banda afirmam que Till “queima o tempo todo, mas ele gosta da dor”. Os clipes também são curiosos. A este espaço interessa o de Mann Gegen Mann, do último disco. A música fala do sexo entre homens, numa tentativa de talvez soar simpatizante, mas o vídeo é meio toscão. A banda aparece nua, com “o que interessa” coberto pelos instrumentos. Ao mesmo tempo aparecem vários caras fortões se pegando. Till está com uma peruca horrenda, uma bota de drag, faz umas caretas, umas desmunhecadas, depois aparece com uma língua de cobra ou de lagarto, enfim, um absurdinho. 

Mil vezes a performance de Bück Dich, canção do Sehnsucht, em que ele simula comer o tecladista e ainda bota pra fora um pauzão de mentira jorrando sem parar um líquido branco. Till até joga na cara o líquido. E tudo isso bem macho, colocando o mundo sob seu pau. E é assim que tem que ser: MACHO, mesmo tomando porra na cara. Nem mais nem menos.

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