sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

ELVIS PRESLEY

Antes de Elvis, nada. É o que dizem. Elvis Presley foi a maior sensação do estilo musical que, segundo alguns especialistas, é a última grande revolução cultural do século XX: o rock.

Em 5 de julho de 1954, durante um ensaio, Elvis improvisava uma versão do blues That’s All Right, Mama, e nascia aí o rockabilly, e o rock’n’roll. A data é considerada o “marco zero do rock”. E Elvis passaria a ser o porta-voz do som até hoje símbolo de transformação e subversão.

Não só pela música ele tumultuava os ânimos. Seu jeito de dançar foi tachado de obsceno, os movimentos que fazia com a cintura provocava desconfortos em diversos grupos sociais; com freqüência sua imagem era censurada, e suas apresentações eram exibidas na TV mostrando-o da cintura para cima. “Elvis the pelvis”, como também ficou conhecido, trouxe à tona o incômodo até hoje existente com a sexualização e “mercantilização” do pênis, a que sempre éramos remetidos quando o víamos dançar. Ele não era exatamente um homem-objeto, termo que poderia deixá-lo numa posição passiva, à mercê do desejo alheio, como acontece com algumas mulheres. Não. Porque o rock o tornava agente de sua sensualidade, dono dos fluidos sexuais que provocava. Elvis: o primeiro caralho do rock.

Seu sucesso peculiar também o tornou o primeiro “mega star” da cena musical. Não se viu antes um artista ganhar a projeção publicitária que Elvis ganhou. Com isto, toda a raiva consequente de vários setores dos EUA. Brancos burgueses o achavam vulgar, pessoal e musicalmente, negros um indigno de cantar um estilo oriundo da música negra, sem falar nos diversos questionamentos do seu talento. Como um grande astro, Elvis teve suas habilidades minimizadas, e ridicularizadas, embora sua voz já tenha sido ouvida com alcances pouco comuns aos músicos populares.

Chegou inclusive ao cinema, mesmo sem tanto prestígio. Roteiros e direções fracos, atuação quase sempre a desejar. Elvis “não tinha tempo” de aprimorar suas técnicas como ator. A fama também tornou o episódio em que serviu ao Exército numa oportunidade comercial. O moço passou dois anos na Alemanha, e as fotos do período mostravam bem como aquilo foi usado em tom midiático. Apesar de tudo, Elvis ficou muito bem de farda e várias fotos suas de cueca, naqueles tradicionais momentos de mútua exploração homoerótica dos militares, ficaram bem famosas.

Rumores também não lhe faltaram. Os maiores se referem às circunstâncias de sua morte, cujos detalhes nos escapam até hoje. Como não poderia faltar, também há aqueles sobre sua sexualidade. Biógrafos do ator Nick Adams, amigo notório de Elvis (e de James Dean, a quem Elvis admirava), afirmam que os dois já vivenciaram um “romance”, ou uma “pegação”, para sermos mais realistas. Um tal de Donald Taylor também já disse que Elvis o chupou uma vez. Pra engrossar o caldo, a ex-mulher do mito, Priscilla Presley (a mãe daquela que se casou com o Michael), junto com as afirmações de que o marido a traía com fãs, insinuou em sua biografia que comumente o Rei do Rock mostrava-se “desinteressado” na cama. O que foi lido do jeito que se quis pelos mais entusiasmados.

Se tudo isso tiver uma sombra de verdade, imaginem a festa na época do exército. Mas... “don’t ask, don’t tell”. Fato é que com a revolução musical, estética, comportamental e publicitária que Elvis causou, não é impossível afirmar que qualquer outro grande mito da música surgido depois dele teve sua influência, e não nos mostrou nenhuma real grande novidade. Como dizem, “antes que alguém fizesse alguma coisa, Elvis fez tudo”. Depois de Elvis, nada.

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