sábado, 28 de maio de 2011

OZZY OSBOURNE


“As pessoas pagam pra ver isso?” — indagaram Ozzy e o guitarrista Tony Iommi a respeito de um filme de terror exibido nos cinemas europeus ainda na década de 1960. Tempos em que eles procuravam um rumo para dar à banda que tinham à época, chamada até então de Earth. Os dois não compreenderam muito bem porque as pessoas pagavam para ter medo.

O filme era I Tre Volti Della Paura, de Mario Bava, cujo título em inglês era Black Sabbath. O nome acabou por inspirar a banda que se reformulava. O Black Sabbath de Ozzy Osbourne agregou para si os valores estéticos e a temática do filme, e o terror e o medo passaram a caracterizar a música daqueles ingleses. O primeiro disco, homônimo ao filme e à banda, saiu em 1970, anos de muitos novos rumos ao rock’n’roll. Só para não esquecer, o filme no Brasil é encontrado com o título de As Três Faces do Medo.

Mesmo que o horror não fosse lá um pioneirismo na música rock já naquele tempo, o Black Sabbath se destacou pela insistência no tema. Foram até acusados de satanismo pelos bobocas de sempre. Fato é o que primeiro álbum teve seu lugar na história por trazer, segundo muitas opiniões, um novo som, um novo rock, mais denso e distorcido, distanciado do som melódico de bandas contemporâneas, como o Led Zeppelin. Mas talvez história mesmo tenha escrito o segundo álbum, Paranoid, também de 1970.

Paranoid mostrou uma diversidade maior nas letras, algumas em tom mais politizado, porém nos riffs que vem a maior revolução. Mesmo eventualmente negando os rótulos até hoje, Black Sabbath é considerado o percursor do heavy metal, graças principalmente a esse álbum. Não satisfeito, o terceiro também inova já com as possíveis inúmeras segmentações do estilo. Master of Reallity, de 1971, mais “obscuro” e “introspectivo”, é tido como o inspirador do doom metal.

Ozzy surgiu para ser clássico. E apesar de todas as suas excentricidades, é respeitado até hoje como o provável pai do heavy metal. Ele deixou a banda em 1977, cometendo um dos piores erros de sua carreira, mas acontecimento comum esse entre bandas que surgem para explodir alguma coisa. Sua carreira a partir daí teve alguns destaques e muita farofa. Sua imagem se tornou caricaturada e me jogo no fogo do inferno aqui afirmando que ele muitas às vezes, pela maquiagem, pelo cabelo, roupas e atitude, não passou de uma tiazona meio louca. Não à toa a nossa Rita Lee se autoapresentou como irmã gêmea do cantor, num show aqui em São Paulo. Rita, que tão pop quanto “descolada”, sabe que papel têm no mundo os músicos sexagenários que abandonaram suas grandes bandas cedo demais. 

O pai do heavy metal não podia faltar no nosso Caralho. Mesmo que tenha sido difícil conseguir um momento de sua vida em que houvesse outro motivo de trazê-lo para cá além do prestígio. Mas, sim, ele existiu.

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