quarta-feira, 28 de setembro de 2011

REDSON

E numa madrugada, tudo muda.

Neste 28 de setembro chegou a notícia pelas principais redes sociais que o vocalista da banda Cólera, Edson Lopes Pozzi, havia morrido. 

O Cólera foi das principais bandas punks do Brasil e a que abriu as portas da Europa para os demais grupos brasileiros. Foi pelo ativismo de Edson, também conhecido como Redson, por suas correspondências e contatos com a cena estrangeira, que o punk brazuca conseguiu começar a fazer as suas turnês internacionais.

A banda surgiu em 1979, fundada por Redson e seu irmão Carlos. Participaram logo da primeira coletânea punk do País, Grito Suburbano, de 1982, ao lado de Inocentes e Olho Seco. Ao contrário de outros grupos da cena, assumiram com o tempo uma postura pacifista, antimilitarista e ecológica, e se destacaram dos punks “baderneiros” e “violentos” ao lançar o álbum Pela Paz em Todo o Mundo, de 1986, que vendeu mais de oitenta mil cópias, recorde para o estilo. 

O Cólera também se destacou por sua diplomacia com a mídia, o que lhe rendeu algumas participações em programas de TV e relação com bandas comerciais, como Plebe Rude, ao mesmo tempo que suas músicas gritavam a realidade da periferia paulista e os ideais anarquistas.

A surpresa ao conhecer mais a fundo o perfil da banda, e de Redson, não era rara, devido à imagem violenta, e muitas vezes preconceituosa, a que o punk se associou ao longo dos anos. Cólera, como uma das bandas mais tradicionais e prestigiadas da cena, era confundida com essa cena agressiva, até que fosse dado voz a Redson e ele disparasse posturas antirrepressivas, como quando falou sobre homofobia numa entrevista prum blog da MTV:


“Eu acho que a situação é simples e objetiva: cada um é cada um. O punk propõe essa postura, de você poder ser você mesmo dentro daquilo que você é e ninguém pode te julgar, te condenar ou te dizer o que você tem que ser ou não. Então as pessoas que têm essa postura homofóbica, que discriminam, não só o aspecto sexual, de gays, lésbicas, etc., mas o aspecto de você estar com uma roupa diferente, de você curtir uma outra coisa, de você escutar alguma outra música que não é punk, tudo isso é uma forma repressiva de lidar com essa realidade, então essas pessoas estão te coibindo, estão te pondo numa situação de repressão. E eu sou totalmente contra isso. Eu sou totalmente livre. Eu sou um cara livre, não me interessa o que acham de mim, me interessa o que eu acho de mim, e assim eu vou continuar.”

Há pouco comemoravam as três décadas de banda — provável que a mais longínqua do nosso punk. Uma história que termina, como todas ainda hão de terminar. Fica aqui a nossa lembrança do verdadeiro punk do Brasil.

sábado, 24 de setembro de 2011

MICHAEL STIPE


"O legado do punk rock é poder usar luzes de Natal o ano todo. Foi só isso que eles deixaram para nós, no fim"

Esta foi uma declaração de Michael ao site The Creators Project, em que divulgava o seu trabalho como artista plástico. Ele, que também se aventurou pela fotografia (com destaque para Two Times Intro: On The Road With Patti Smith) e pelo cinema, encabeçando a produção executiva de filmes como Velvet Goldmine e Quero Ser Jonh Malkovich, e por anos liderou uma das bandas alternativas de maior sucesso comercial que conhecemos, que nos anos 1990 assinou um dos contratos de gravação (com a Warner Bros) mais caros da história. E que, em dias de Rock In Rio, vale lembrar, foi eleita a banda mais carismática na terceira edição do festival.

O R.E.M começou em 1980 e foi por mais de 30 anos a banda de rock alternativo que surpreendia pela manutenção da carreira, e qualidade do seu sucesso. Para muitos, foi incomum que um tipo de som como o dessa banda de Georgia (EUA) conquistasse tantos ouvintes. Agora, como se sabe, foi anunciado em seu site oficial o fim do grupo que, segundo alguns, teria aberto as portas para o grunge, e compôs “a música mais triste do mundo”, Everybody Hurts.

O maior sucesso do R.E.M, porém, é Losing My Religion, do álbum Out Of Time, de 1991, cujo clipe é repleto de referências à “cultura gay”, com personagens bastante andróginos, como o já manjado São Sebastião, e moços dispostos de maneira ambígua. O vídeo é inspirado nas pinturas de Caravaggio, Pierre et Gilles e no trabalho do cineasta Andrei Tarkovsky, e a dança esquisita de Stipe é uma homenagem a Sinéad O'Connor, que dança esquisito também no vídeo de The Emperor's New Clothes. O verso “losing my religion”, segundo Michael, é inspirado numa expressão do sul dos EUA e indica algo como perder a civilidade.

Curiosa ainda é a evolução em torno dos boatos a respeito da sexualidade de Michael. Aids, romance com outros famosos (como com o caralhíssimo Stephen Dorff), tudo já surgiu. Questionado a respeito em 1994, ele veio com aquele papo de não-definições, mas atrações por ambos os sexos. Em 2001, se definiu como um “artista queer” e em 2008 finalmente assumiu o rótulo “gay”. Alegou na ocasião não compreender antes a importância do rótulo para as pessoas, mas que naquele ano percebeu o quanto significava se assumir daquele modo. Hoje, descansado do peso político ou conceitual das palavras, se expõe um pouco mais. Sua vida pessoal é mais aberta, até fotos com o namorado espalha pela internet.

Maduro, dando um caldo aos 51 anos, e sempre peludo, Michael Stipe, dos poucos artistas comerciais a se definir como “queer” (e estimular a pesquisa por essa ideia), disse “chega” e encerra um grande período da música pop. Não sem antes publicar um vídeo “artístico-safadinho”.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

SCOTT MOORE [ENTREVISTA]

Eu já falei dele, em outros tempos. Buscando quem do Limp Wrist eu poderia estampar aqui para comentar sobre a tão importante banda do queercore, Scott Moore, o guitarrista, foi o primeiro que me chamou a atenção. E o show no Brasil semanas atrás rendeu, além da entrevista com o vocal Martin, mais este bom fruto. Aos 36 anos, com cara de mau, jeito de poucos amigos, Scott fez sucesso entre os meninos do hardcore e os ursos. 

E Scott, ah, Scott... ele conversou conosco também. Este blog realmente nunca mais será o mesmo!

Mais uma vez agradecimentos especiais a todos que contribuíram para a realização desta matéria. Bruno Foca, Leco Vilela, Rodrigo de Araujo, Diego Volpi, e os Lagartos: Roberto e o espiritualizado Luís, que não curtiu lá tudo o que o nosso muso disse.  A todos muito obrigado ;)

CDOROCK - Olá, Scott. É um prazer entrevistá-lo. Nossa primeira pergunta é: como você entrou para o Limp Wrist?

SCOTT - Há alguns anos, tanto eu quanto Andrew, o baixista, morávamos na Filadélfia (ele mora em Nova York, agora). Um dia, o antigo guitarrista da banda passou em minha casa. Eu não o conhecia, propriamente, mas ele viu minha bateria e disse, “ah, você é baterista?”, ao que eu respondi “sim”. Ele disse que estavam montando uma banda e me falou sobre a ideia inicial, que era montar uma banda straight edge. Eu disse pra ele, “bom... eu gosto de fumar maconha...” [risos] “mas, beleza, eu toco na sua banda”. E foi assim que começou, foi assim que entrei para a banda. Eles já tinham o conceito antes de eu chegar, mas precisavam de um baterista, então... eu me tornei o baterista.

CDOROCK - Em que ano foi isso?

SCOTT - Acho que era 1999. Eu toquei bateria na demo, mas depois acabei saindo da banda. Foi quando conseguiram Paul para me substituir. Aí, houve um desentendimento com o guitarrista e eles me ligaram um dia perguntando se eu queria fazer uma turnê pela Costa Oeste, tocando guitarra. Acho que isso foi em 2004, talvez. Eu disse “sim, vamos tentar e ver o que acontece e tal”. Foi do caralho. Nós decidimos escrever novas músicas e continuar tocando dali em diante.


CDOROCK - É muito difícil ser respeitado na cena punk com letras que tratam sobre assuntos gays?

SCOTT - Não necessariamente... Eu acho que nós tivemos um grande número de pessoas que nos apoiaram desde o começo. Acho que... no começo, usávamos bastante malícia, piadas, uma coisa meio afetada, sabe? As pessoas podiam pensar que aquilo era apenas algum tipo de artifício barato para o qual estávamos apelando para nos tornarmos conhecidos. Mas, não – havia algum humor, claro, mas não era como se tudo fosse apenas uma piada para nós. Eu acho que foi o jeito de expressarmos nossas experiências, sendo gays e também estando envolvidos na cena punk. Acho que amadurecemos, desde então. Começamos a banda há mais ou menos 12 anos, então... todos amadurecemos e mudamos. Eu acho que nossas letras refletem algumas das mudanças pelas quais passamos, entende? Por exemplo, quando começamos a banda, eu já havia me assumido, mas só me sentia confortável quando estava com outros amigos punks. Hoje em dia, eu tenho vários amigos gays, e experimentei coisas nesse mundo que não tinha experimentado antes. No começo, estávamos apenas tirando um barato daqueles caras “ultramasculinos”, durões... Não fazemos mais isso. Amadurecemos; não dá pra ficar numa eterna autorreferência. Acho que a banda mudou bastante, desde sua concepção.

CDOROCK -  E no mundo gay, é difícil ser respeitado com uma banda hardcore?

SCOTT - Tipo, eu tenho vários amigos gays que não necessariamente curtem hardcore, mas que são artistas, músicos, dj’s, que organizam festas... São todos pessoas criativas. Eu sinto que, mesmo que eles não ouçam hardcore, eles vêm aos nossos shows, nos apoiam, meio que “captam” a energia e acham que o que estamos fazendo é interessante, então... Dessas pessoas, e de outras pessoas que estão fazendo música, arte e tudo o mais, nós recebemos bastante respeito. Já quanto aos gays “normais”, eu não sei – não acho que eles viriam aos nossos shows, de um jeito ou de outro. Enfim – pelas pessoas que estão fazendo coisas criativas no mundo gay, nós somos respeitados, sim. 

CDOROCK - Como é a cena queer nos Estados Unidos? O número de bandas é grande?

SCOTT - Não, não é. Acho que há várias bandas queer, ou bandas com membros queer, mas não necessariamente queercore. Tem o Hunx and his Punx, pensando em bandas da Bay Area (área da baía de San Francisco, na Califórnia). Younger Lovers, Brilliant Colors... Tem o Livid, cujos membros estão realmente trabalhando questões sobre identidade de gênero e coisas do tipo... Mas, uma cena coesa... Não acho que exista uma cena queercore coesa como se pode talvez dizer que existiu nos anos 1990. Há, sim, todo um pessoal queer – músicos e pessoas fazendo música na cena punk. Andrew, o baixista do Limp Wrist, organiza uma festa em Nova York chamada Q.B.R., com foco em bandas de rock e punk com pegada queer. Pode ser que ele saiba mais sobre isso, mas, com relação a uma cena queercore coesa... realmente não sei dizer. 


CDOROCK - Em sua opinião, quem é a maior personalidade  queer do rock? 

SCOTT - Para nós, seria Gary Floyd, do The Dicks, de Austin, Texas. Tipo, nos anos 1980, cantar sobre chupar pinto na sex shop, ou sobre ficar secando o carinha no estacionamento do mercado enquanto a esposa dele está do lado e coisas desse tipo, como se vestir de mulher, entende? No começo dos anos 1980, em Austin, Texas... Já para mim – eu cresci ouvindo heavy metal, então acho o máximo que alguém como Rob Halford seja gay e tenha se assumido. Acho que isso provavelmente fodeu com a cabeça de muita gente. E eu acho que o Seth, do Hunx and his Punx, é simplesmente brilhante. Ele tem uma personalidade brilhante, é divertido, criativo... Acho que ele é uma pessoa realmente legal.

CDOROCK - Vocês já tiveram bandas que muitas pessoas curtem, como Los Crudos, Kill the Man who Questions e, recentemente, Needles. Vocês têm outros projetos em vista?

SCOTT - Por ora, Limp Wrist e Needles são tudo o que estou fazendo, musicalmente. Quanto ao Paul, o baterista, as duas bandas dele, Nuclear Family e Acid Reflux, acabaram de se separar. Mas ele está mudando de cidade agora. Tenho certeza de que, quando se assentar, ele terá novos projetos. Andrew está bastante ocupado com a pós-graduação e o Martin... bom, talvez ele tenha uma outra banda em formação, mas não estou bem certo. Martin e eu fazemos parte do Needles.

CDOROCK - Vocês ganham a vida apenas com as bandas ou têm outros trabalhos?

SCOTT - Bom, nós não tocamos juntos com muita frequência, porque vivemos em costas diferentes. Nós tocamos por diversão e, se as contas dos shows fecham e nós fazemos alguns trocados, legal, mas... É mais como um projeto nosso, entende? Tocar com a banda nos permite ir a lugares que possivelmente não teríamos como ir de outra forma. E, bem, eu trabalho como barbeiro. Estou fazendo um curso de barbeiro, e em breve faço o exame para poder receber a licença. Tenho um emprego em um salão, no qual vou começar quando voltar pra casa. Então... é, eu corto cabelo. 

CDOROCK - Você só corta cabelo de homens?

SCOTT - Nós escolhemos o gênero. Você corta apenas cabelo de homem, ou corta... de tudo. Por ora, meu foco é em cortes masculinos, porque é isso que aprendo na escola. São tipos diferentes de escola – você aprende coisas diferentes, quando escolhe entre o curso de barbeiro e o de cosmetologia. Por ora, aprendo cortes masculinos, mas não sei quanto ao futuro. Estou aberto a aprender como fazer cortes femininos. Agora, meu foco é mais aquele estilo clássico de barbeiro, que faz sua barba com aquelas lâminas tradicionais e tal.

CDOROCK - É engraçado, porque você raspa seu cabelo. É porque não gosta de “trazer trabalho pra casa”?

SCOTT - Bom, é... eu raspo meu cabelo, então não tem nada que eu possa fazer com ele. [risos]

CDOROCK - Por que escolheu barbearia?

SCOTT - Bom... foi algo que eu decidi aprender em uma escola – algo de que eu realmente gosto. Sei lá, eu gosto da ideia de sentar com alguém e meio que focar na pessoa, entender, bater um papo... Conversar... É quase como uma espécie de terapia. Me parece que as pessoas gostam bastante de ter alguém que preste atenção nelas por 45 minutos, entende?

  
CDOROCK - Na música “What’s up with the Kids”, você diz algo como “Vocês estão com a bíblia enfiada no cu e Cristo é seu cafetão.” Qual é a posição da banda com relação à religião? E sobre o poder religioso no mundo?

SCOTT - Bom... eu não posso falar sobre como a banda toda se sente, mas, pessoalmente... Como poderia dizer... Acho que o cristianismo é tipo uma porra de uma grande fantasia. Você vai a essas catedrais e igrejas... Pra que serve essa porra? É tipo a fantasia mítica de alguém, e é um desperdício de espaço. Há muito que poderia estar sendo feito com essa merda. Eu não tenho nenhum respeito por isso, na verdade e, como homossexual, eu sinto que é a porra da origem da maioria dos preconceitos do mundo contra homossexuais. Quando alguém diz que é gay e cristão, eu acho que é uma puta contradição. Nào consigo entender. Não entendo. Sei lá. É foda.

CDOROCK - O que você acha da religião no hardcore? Tipo hardcore cristão, krishnacore... Acha que são possibilidades?

SCOTT - Ah, não há lugar pra isso. Não há. Pra mim, acho que [o hardcore] não seja lugar pra isso, pessoalmente, mas, você sabe, as pessoas estão na sua própria viagem, e eu acho que tem gente que precisa de algo para ajudar a suportar, algo em que acreditar, mas é meio que uma vergonha. Seria legal se mais pessoas pudessem encontrar qualquer que seja a “força externa” que elas acham que precisam usar como parâmetro ou horizonte moral, tipo, algo que lhes diga como viver suas vidas... Seria legal se as pessoas pudessem encontrar isso dentro de suas próprias mentes, e não em uma porra de livro fictício sobre um cuzão que nunca existiu. [risos]

CDOROCK - No Brasil, costuma-se reclamar que é muito raro encontrar gays que curtam rock hardcore. Nos Estados Unidos, é mais comum?

SCOTT - Sim, há gays que curtem rock, punk e coisas do tipo. Quer dizer, não são tantos, porque o punk pode não ser atraente para muitas pessoas e todos querem fazer parte de algo em um lugar onde se sintam confortáveis. Muitas vezes essa energia ultramasculina não os atrai [aos gays]. Ainda assim, eu acho que, com a banda e tudo o mais, nós conhecemos um bom número de pessoas que curtem rock e punk e tal e que são gays.


CDOROCK - Você acha que as pessoas que querem “pagar de machos” nos mosh pits [espécie de dança ou movimento típico em shows de rock, em que parte do público se empurra com alguma agressividade] estão afastando mulheres e gays da cena hardcore? O que acha de pessoas que usam os mosh pits para serem violentas?

SCOTT - Bom, eu acho que são, provavelmente, homossexuais enrustidos. [risos] É interessante, porque às vezes falamos sobre como as pessoas criam essa ideia de [ que a cena deve ser um] “espaço seguro”. Não sei se acredito mesmo nesse tipo de coisa. É chato que [a violência] desfaça essa impressão para muitas pessoas, sabe, porque a energia em si pode ser muito boa. No meu caso, uma coisa que me irrita é quando pessoas tentam dizer a outras para não fazer certas coisas, para que possam me proteger, entende? Estou fazendo sentido? Tipo, eu não preciso que ninguém me diga – que ninguém diga aos outros o que fazer por mim. Se eu tiver algum problema, mas quiser estar ali [na cena], porra, deixa que eu lido com isso sozinho. Acho que é um dos problemas com esse lado hipócrita do punk hardcore, tipo, essa coisa de as pessoas tentarem falar por outras pessoas. No hardcore, há pessoas ignorantes, mas há ignorantes em qualquer lugar que você vá, não importa o que você faça, não importa de qual cena você participe. Então, se você sente que realmente quer estar ali, você luta pra estar ali, você se manifesta, entende, fala por si mesmo, para conquistar seu lugar.


CDOROCK - Além de hardcore, você gosta de outros tipos de música? O que você costuma ouvir?

SCOTT - Eu ouço vários tipos diferentes de música. Não escuto hardcore o tempo todo! Eu cresci ouvindo heavy metal... Ouço bastante sons psicodélicos dos anos 1970... Muito techno... Eu gosto de música eletrônica; tenho me interessado [por isso] bastante nos últimos anos. E... que mais...  Eu gosto de rock de arena e todo tipo de coisa que é legal e interessante. Não acho que conseguiria ouvir só um tipo de música o tempo inteiro.


CDOROCK - Atualmente, no Brasil, estamos passando por mudanças na legislação, com os homossexuais conquistando direitos e algumas vitórias, mesmo tendo toda uma pressão religiosa contra. Vocês têm interesse em política? Com relação aos direitos gays, como estão as coisas para os americanos agora?

SCOTT - Bom, eu realmente não acompanho... Tipo, há leis que passam, e então são revogadas, e toda essa coisa com os casamentos gays que eu honestamente não presto muita atenção. É interessante... eu sempre tive um conflito interno com relação ao negócio do casamento, porque me parece, às vezes, que tudo que as pessoas estão lutando é pelo direito de serem entediantes. Tem uma parte de mim que já cansou dessa história de casamento, porque, pra um monte dessas pessoas, parece ser tudo que elas têm na cabeça, como se não se importassem com nada além disso, mas eu nem sei se é esse, mesmo o caso. Pode ser só um assunto que está na moda, sabe, só uma tendência política. Ao mesmo tempo, uma aceitação mais ampla do casamento gay poderia mais ou menos normalizar a homossexualidade, e isso impediria coisas como... moleques gays sendo assassinados em cidades pequenas. Esse tipo de coisa é realmente importante, então... mesmo que eu meio que não goste, ou esteja entediado com o assunto, eu tento não ter uma visão muito limitada a respeito e tento perceber o que isso poderia de fato trazer para a juventude e para a atitude da sociedade em geral.


CDOROCK - Mudando de assunto – vocês são muito assediados durante os shows?

SCOTT - Tipo, assediados sexualmente? Bom, não. Na verdade, não. [risos]

CDOROCK - As pessoas não te veem como um rock star? Ou é a cena hardcore que é diferente?

SCOTT - É de boa, porque, quando tocamos, tem sempre um contingente de gays que vêm nos assistir e – não há assédio: na maior parte das vezes, as pessoas são legais e dizem um “oi” e tal, mas... não. Nada de assédio. 

CDOROCK - Algum fã poderia ter uma chance com você?

SCOTT - Hum... não. Eu tenho um namorado maravilhoso.

CDOROCK - Certo, Scott. Obrigado pela entrevista! Há algo mais que você gostaria de falar ?

SCOTT - Eu apenas gostaria de agradecê-los por fazer a entrevista, e dizer que foi muito bom ter uma chance de vir pro Brasil, já que eu não sei se teria alguma chance de vir pra cá, se não fosse pela banda, então... obrigado. Até mais!

Fotos: Leco Vilela [1-10]. Aquivo pessoal [11-16]. Celso tavares [17, 18].
Fotos do show realizadas no Centro Cultural da Juventude (CCJ) em São Paulo. Entrevista e fotos da entrevista realizadas no DCE Curitiba, durante o evento Verdurada.

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