quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

JUSTICE TRIPP

O que mais me agrada no rock é encontrar roqueiros que não têm vergonha ou pudor de serem gostosos. O sexo acompanha o grande lema do rock há séculos e sempre foi um fator constante e transformador da música. O problema é encontrar roqueiros cheios de pudores apenas para tirar a camisa em frente a uma câmera ou no palco. A meu ver, isto não faz o menor sentido.

Um dos entrevistados deste espaço me disse informalmente que o ponto fosse provavelmente a função do cara na banda, que isso seria causa e consequência de tanto melindre. Faz um pouco de sentido... Sei que, de fato, vocalistas são mais “dados”. Não demonstram tantos problemas com a exposição. Este moço, que acabei de conhecer, é uma prova disto.

Justice Tripp é de Baltimore, Maryland, maior cidade independente dos EUA. Toca desde os 12 anos e hoje faz um hardcore fortemente influenciado pela cena de Nova York, embora sua formação musical vá além: Justice é um fã de Nirvana e admirador de Metallica, o exato oposto do guitarrista Sam Trapkin, que convenceu o amigo a batizarem o grupo com o nome de uma canção da banda de metal: Trapped Under Ice (do álbum Ride The Lightning). Bobagem lembrar que “Justice” também faz parte de título de álbum do Metallica, né? Por uma “coincidência”, declaradamente o álbum preferido do nosso caralhíssimo vocal. Mas ele diz que seu nome é de batismo, e a gente acredita, ainda mais se ele disser isso sem camisa.

O metal, aliás, aparece discretamente em seu som, embora neguem. Afirmam-se como uma banda de hardcore genuína, e já chegam a ser considerados como uma das melhores da atualidade, e isto desde o EP Stay Cold, de 2008. 

Definitivamente, não é difícil saber o porquê. Em minha pequena opinião, se destacam por alcançarem uma popularidade sem fazer um som “fresco”. Mesmo que Justice alegue uma mudança considerável de som do primeiro álbum, Secrets of the World (2009), para o segundo, Big Kiss Goodnight (2011), como a inclusão de refrões nas letras, eles ainda não se renderam ao “melodismo” chato e infantilóide de bandas contemporâneas com um som até mais pesado que o da TUI.

Não se renderam mesmo que a banda tenha todos os fatores para se tornar uma superbanda. Incluindo integrantes belíssimos, como Justice, que posa sem camisa mesmo, canta só de bermuda, todo músculos e tatuagens, sem medo de ser gostoso. Pode ter a ver com isso também Justice ser straight edge (mas sem alardes), e ele e a TUI seguirem ainda o espírito DIY do velho punk, e gerenciarem a própria carreira, sem intermediários. Justice sabe do que o rock é feito.

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