terça-feira, 13 de agosto de 2013

JARED HASSELHOFF

Adults only:
conteúdo impróprio para incautos e criancinhas fofas.

É complicado. O videoclipe da canção The Bad Touch, lá do final dos anos 1990, foi um grande sucesso e o álbum Hooray for Boobies tornou famosa a banda americana Bloodhound Gang. No vídeo, os integrantes da banda aparecem vestidos de macacos e seguem enjaulando tipos diversos, como mulheres, um anão e uma dupla de homens efeminados.

Não demorou muito e o vídeo foi considerado machista, racista, xenófobo e homofóbico. E não é a única vez que algo assim acontece. A Bloodhound Gang tem uma canção chamada Yellow Fever, que foi recusada por sua gravadora por ter a letra considerada preconceituosa contra mulheres asiáticas. A banda nega tudo e diz que eles não devem ser levados a sério e que as letras tratam apenas de coisas engraçadas sobre as quais eles conversam no ônibus.

De fato, a banda flerta com o politicamente incorreto assim como sempre fizeram os profissionais do humor, incluindo os mais modernos. Como todo humorista, não vê problemas em suas piadas e condena (ou ao menos não compreende) quem se ofende com brincadeirinhas que, no fundo, não passam de “bobagens”.

A discussão sobre o que é bobagem ou não ainda se desenvolve, e a banda continua querendo fazer graça e sucesso, independente do estilo musical. Os caras têm uns cinco álbuns e por eles é possível encontrar rock, pop e (quase) todas as variedades dos dois estilos. Mas bons momentos existem, apesar de tudo.


A própria The Bad Touch é uma canção interessante e divertida, mas pop. A letra alega que somos apenas mamíferos e que ajamos então como os animais do Discovery Channel. Tem ainda o verso “So put your hands down my pants and I'll bet you'll feel nuts” (algo como “Então ponha suas mãos dentro das minhas calças e eu farei você ficar louquinha”): bem safadinho, sensual, ainda mais para quem curte um moleque irresponsável e cheio de hormônios. Há "heterossexices" como I Wish I Was Queer So I Could Get Chicks, mas outras tolices como “Kiss me where it smells funny” , em contrapartida, são momentos de rock aceitáveis.

A banda, todavia, não vai a lugar nenhum. Está aí para fazer graça, sem pensar muito nas consequências. Estão “curtindo” e só. É musical e conceitualmente irrelevante. Ficam mais interessantes é mesmo ao vivo e não pela música.

O baixista Jared Hasselhoff, conhecido como Evil Jared, tem pouco destaque nos clipes, mas rouba a cena no palco. Primeiro, pelo porte físico, alto e musculoso. Depois, pelas atitudes. Não parece tão moleque como o vocalita Jimmy Pop, mas age igual e até pior (ou melhor). Costuma ter a roupa rasgada, tocar sem camisa, de cueca ou nu e muitas vezes fazer performances que até podem parecer nojentas para uns mais impúberes, mas definitivamente eróticas para os graduados.

A performance mais impressionante e erótica é a do “golden shower”. Jared literalmente mija sobre a cabeça do vocalista Jimmy enquanto ele desempenha uma versão de Enjoy the Silence, do Depeche Mode. O ato é claramente um deboche à banda inglesa, mas é incrível ver um homem aceitar tantas e tantas vezes ser mijado em público por outro. Nestes momentos voltamos à antiga questão sobre se certas molecagens têm ou não têm algum grau de homoerotismo.

Jared reina como macho alfa no palco da Bloodhound Gang. Não só porque mija no vocalista, mas porque o seu pau é o tempo todo ostentado como objeto de vantagem, de força, vaidade, o que é estimulado e confirmado pelos outros integrantes. Numa outra performance apelidada de “Dick trick”, Jared arrasta com uma corrente presa às suas bolas uma caixa enorme de instrumentos musicais. Sem falar que os seus parceiros lhe dão bebida na boca e muitas vezes Jared cospe de volta a bebida neles. Para um olhar treinado, não há dúvidas sobre a afirmação erótica de Evil Jared sobre os demais.

Nem o público escapa. Muitas vezes ele é provocado e alguém da plateia sobe ao palco para alguma interação com Jared, que sempre se sobrepõe, claro. A plateia também abre a boca para receber a bebida cuspida pelo baixista. Não é raro ainda que símbolos políticos entrem na jogada. Jared, que gosta de dar uma “cuecada” em si mesmo (puxando a própria cueca da calça até que ela se rompa e saia), costuma passar bandeiras de países dentro da calça, esfregando-as no pau e na bunda, começando pela frente e a retirando de volta por trás. Melhor do que isso, só quando ele atira a mesma bandeira (algumas vezes, é só uma toalha ou sua camiseta rasgada) para a plateia.

Nos últimos dias, ele repetiu a performance da bandeira usando a da Rússia e o governo de lá, incompreensível e intolerante como anda, tenta processar a banda e o músico. O vocalista, naquele momento, até tentou colocar panos quentes na situação se acovardando e dizendo que “a Rússia era melhor que a América”, mas sua tentativa não comoveu ninguém. Jared, que já fez o mesmo com a bandeira dos EUA e que provavelmente é mais moleque que ativista – embora tenha se mudado dos EUA para a Alemanha por não concordar com o governo Bush – ainda corre um risco, nem que seja o da promoção do governo russo ou de sua carreira.

A Bloodhound Gang hoje está um pouco parada em lançamentos, não em shows. Lançaram em 2011 a coletânea Show Us Your Hits, com a inédita e desimportante Altogether Ooky, e prometem ainda um novo álbum. Jared virou um faz-tudo da TV alemã, sempre mostrando seu lado humorístico e sensual. Arrisca-se em diversas empreitadas para se promover, como sessões de depilação e lutas de boxe. Com suas bolas e seu pau, grande triunfo de sua macheza, sempre presentes, sempre expostos. Ainda bem

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