quarta-feira, 25 de março de 2015

DARBY CRASH

Num dia de dezembro de 1980, um jovem de 22 anos, vocalista enérgico de uma banda punk promissora, compositor de qualidades cada vez mais reconhecidas, cumpria com uma amiga um pacto de suicídio compartilhado, por meio de uma overdose de heroína. Ou quase: Darby Crash, mítico vocalista da banda The Germs, no último momento decidiu injetar em sua amiga uma dose normal da droga, poupando sua vida.
A morte de Darby, que nasceu Jan Paul Beahm em Los Angeles, recebeu pouca atenção da imprensa. Foi ofuscada pelo assassinato de John Lennon no dia seguinte. Como era esperado de um fruto legítimo da cena punk, a fatalidade de Darby ficou fadada ao submundo, ou, como o termo orginal em inglês melhor poetiza: ao underground.

A The Germs lançou apenas um álbum de estúdio (LP), em 1979, intitulado (GI) – um acrônimo para Germs Incognito. Produzido por Joan Jett, do The Runaways, o álbum é considerado um dos primeiros de punk/hardcore da história. Antes, lançou o single Forming, parte do EP Lexicon Devil, de 1977, com apenas três canções. Depois, a Germs chegou a produzir seis músicas para a trilha sonora do filme Parceiros da Noite (Cruising), com Al Pacino, sobre assassinatos num clube gay. Apenas uma, Lion's Share, acabou oficialmente na trilha. A Germs, inclusive, aparece numa cena do filme executando a canção. As outras estão na compilação (MIA): The Complete Anthology.

A história de Darby pode ainda ser vista no filme What We Do Is Secret, de 2007, ou no documentário The Decline of Western Civilization, de 1981. Raros vestígios de uma vida intensa que traduziu uma cena que até hoje gera controvérsias e más impressões.

Na vida pessoal, Darby vivenciou uma infância difícil, envolvendo conflitos familiares diversos, como confusões sobre a identidade do pai e morte do irmão, também por overdose. Era gay, embora não assumisse esse seu lado fora de um pequeno círculo de amigos, mas se tornando um dos primeiros e mais notáveis homossexuais da cena punk. No palco, impressionava por suas performances que, fortalecidas pelas drogas ou pelos sentimentos que trazia, foram símbolo de um momento enorme e grave da música e da juventude, escondida à penumbra das casas de rock das grandes cidades.

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