terça-feira, 19 de maio de 2015

DINHO

Foi o recorde brasileiro de vendas em um só dia. O disco de estreia mais vendido da música brasileira. Um dos dez discos mais vendidos no Brasil de todos os tempos. E o álbum que mais vendeu em menos tempo em todo o mundo. Isto é Mamonas Assassinas.

Foram pouco mais de sete meses, e um único álbum. Uma carreira interrompida por um acidente aéreo que até hoje desperta comoção. A banda, que apelava para o deboche irrestrito, talvez politicamente incorreto, foi o grande anti-herói do rock nacional.

À sua frente, Dinho, “baiano de Guarulhos”. O vocalista e compositor que um dia almejou conquistar o país com um rock sério e “profundo”, o da primeira banda Utopia, mas que percebeu que a sátira e a carnavalização do brasileiro conquistaria muito mais gente. Além, claro, de exalar sensualidade. Sexo, circo e rock and roll.

Ele sabia que era bonito. O quanto poderia provocar com sua sexualidade, e se despia sempre que podia. Por contas das caretas do personagem que fazia o esforço de sustentar, mesmo não conseguindo o tempo todo, já que o palhaço não era o seu lado maior, poucos admitiam a atração que sentia por ele, o que lhe dava ainda mais liberdade para se exibir e provocar. Assim, muitos se apaixonaram.

A nós, fruto da diversidade, é importante observar o quanto o riso era válido. Dinho e o Mamonas sempre tiveram os limites de suas letras contestados, ainda mais hoje em que as causas pela ética são mais fortes. Porém, o outro lado existe. Há quem afirme que as letras dos Mamonas não flertavam com o politicamente incorreto, mas com a crítica, ácida e violenta, contra a mediocridade, a miséria e o preconceito.

Exemplo disso seria a ambivalente Robocop Gay. De um lado, os intérpretes do machismo e da homofobia, defensores da perspectiva de que a letra inferiorizava a figura do homossexual e do transgênero. De outro, quem via no Robocop um “super-herói da alteridade”, a nos dar boas lições sobre tolerância e hipocrisia. Além disso, os Mamonas criticariam e debochariam em outras letras a sociedade do consumo, a superficialidade dos valores estéticos, o modo de vida moderno e todo seu cinismo e incoerência. Iriam tão ou mais longe que todo o rock de protesto dos anos 80, mas com uma arma nova: o escracho.

Observando a trajetória de Dinho, e suas aparentes intenções com a primeira banda, os desabafos que fazia no palco sobre um dia terem sido desacreditados, não é impossível que ele tenha mesmo tentado desvirtuar sua personalidade artística para alcançar o mesmo objetivo: ser levado a sério. Se conseguiu ou não... vale discutir. Fato é que sua marca ficou. E hoje Mamonas não é apenas uma das maiores bandas brasileiras que já existiram, mas Dinho o anti-herói mais gostoso do nosso rock.

sábado, 9 de maio de 2015

JACK WHITE

Jack, que na verdade é John, é um dos últimos grandes astros do rock. Ganhou popularidade num dos últimos movimentos significativos da cena roqueira, o “garage rock revival”, no início dos anos 2000, que trouxe bandas como The Strokes, The Vines e a sua, a The White Stripes.

A diferença é que Jack sobreviveu ao movimento, que, não fosse por ele, poderia ser resumido a um modismo passageiro. Mas não: a The White Stripes eternizou um riff (o da canção Seven Nation Army), se fez diferente na cena por não trazer um baixo e consolidou Jack como um dos principais guitarristas que conhecemos.

Atualmente, Jack está com seu segundo álbum solo, mas, além de já ter contribuído com muitos projetos, teve ainda outras duas bandas de destaque, a The Raconteurs e a The Dead Weather, ambas em parcerias com outros músicos de carreiras paralelas, como Brendan Benson e Allison Mosshart (The Kills). Artisticamente, sempre se destacou por certa excentricidade na maneira de tocar e cantar e por sua preferência por modelos antigos de guitarras.

Na vida pessoal, sempre preferiu a discrição, muitas vezes dando até falsas informações sobre si. No início da popularidade, até fazia mistério sobre a relação que tinha com a baterista Meg White, que depois assumiu ter sido sua esposa. Claro que o mistério pode ser confundido com “marketing”, mas no fim ele consegue alcançar o objetivo de destacar a obra e não o homem.

Entretanto, para nós caralhíssimos, o homem também desperta a atenção. Mesmo que outras páginas não o coloquem entre os principais símbolos sexuais do show business, não podemos deixar de considerar seu jeito excêntrico e aparência um tanto gótica como irresistivelmente sensuais. Jack é um grande homem, em muitos sentidos.

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