quinta-feira, 22 de outubro de 2015

JAKE SHEARS

Ele não é bem do rock, mas se tornou um dos homens gays que mais se destacaram na música nos últimos anos. Não apenas porque tem suas preferências sexuais assumidas, mas porque as incorpora em seu trabalho e em sua personalidade artística. Jake Shears é o vocalista da banda gay mais bem sucedida deste novo milênio, a Scissor Sisters.

Americana, a banda passou os primeiros anos brilhando bem mais em terras estrangeiras. Considerados “gays demais para os EUA”, a Scissor Sisters conquistou sobretudo os ingleses, mas também os australianos e, claro, os brasileiros. Formada em 2001, passou um tempo batizada de Dead Lesbians, mas depois firmaram o nome definitivo que nada mais é que uma alusão ao sexo lésbico. A Scissors Sisters tem quatro álbuns de estúdio. O último é de 2012, Magic Hour, época em que anunciaram uma pausa na carreira por tempo indeterminado.

A banda se revelou com a cover do Pink Floyd, Comfortably Numb, presente no primeiro álbum. Além disso, chamava a atenção pela performance debochada, alegre e bem afetada, com direitos a provocantes stripteases de Jake. Lançou canções que tanto conquistavam pela energia como pelas letras, que sempre faziam de um modo ou de outro referência à cultura dance gay. O primeiro álbum, homônimo, foi o que mais se destacou, tanto por músicas que estimulavam a “saída do armário”, levando a mãe a uma balada (Take Your Mama), como em momentos mais melancólicos, abordando as drogas e a epidemia da AIDS (Return to Oz).

Considerado por alguns o vocalista mais extravagante desde Freddie Mercury, Jake (na verdade, Jason), sempre fez questão que a Scissor Sisters em nenhum momento fosse uma banda “enrustida”. Sempre defendeu a responsabilidade que os artistas tinham em sair do armário, e da importância de ser feliz “sendo quem é”. Ele sabe que isto tem seu preço, mas sabe também que vale muito a pena.

Nativo da balada, Jake já foi inclusive go-go boy. E abusa da beleza e dos agudos vocais para provocar a plateia e transformar seu show sempre num episódio memorável de liberdade de expressão e sexual. Há tempos ele é pedido aqui e não poderia faltar. A cultura queer agradece a sua presença.

sábado, 10 de outubro de 2015

RODDY BOTTUM

Ele foi um dos fundadores do Faith No More, participou do “gênesis” do grupo (antes chamado de Faith No Man) em 1981, muito antes do emblemático vocalista Mike Patton entrar na banda em 1988 e quase tomar conta de tudo.

Roddy é o tecladista, e o FNM tem seu gênero quase inclassificável, de tanto que flertou com diversas sonoridades. Tanta versatilidade somada a tanto sucesso fez que a banda influenciasse diversas vertentes roqueiras que viriam a surgir na década de 1990, como o famigerado nu-metal.

Outro ponto em que Roddy se destaca é o de sua sexualidade, desde que se assumiu gay em 1993, assunto que virou obrigatório em quase toda entrevista que dá. Mas isso não o incomoda: ele até já declarou, à época em que formou a banda paralela Imperial Teen (com cinco álbuns lançados, sendo o mais recente, Feel the Sound, de 2012), que sua nova banda, na qual também toca guitarra e bateria, trazia uma “sensibilidade gay” comum só a bandas hétero. Roddy se irritava com a falta de ousadia das bandas contemporâneas, com o medo que outros artistas gays tinham de parecer óbvios e não trabalharem com o tema da sexualidade em sua música. Quando então algo visualmente tão gritante como Marilyn Manson surgia, Bottum considerava isso como um “fôlego de ar fresco”.

No Faith No More, um dos trunfos mais populares de Roddy foi ter composto a canção Be Agressive, sobre sexo oral, mais como uma provocação ao hétero Mike Patton. Não contava ele que Patton não era um homem hétero qualquer, e não só gravou a música como fez dela a segunda mais executada nos shows da banda.

O FNM passou por um período difícil, com um intervalo de onze anos sem shows, só retomados em 2009. A relação entre os integrantes estava completamente desgastada, tanto que Bottum nem acreditava nessa retomada da carreira. Sorte a nossa que não apenas eles voltaram a fazer shows como gravaram agora em 2015, 18 anos depois de Album of the Year (1997), o novo e sétimo trabalho da banda, Sol Invictus.

Hoje, aos 52 anos, Bottum encanta não só pela beleza de sua maturidade, mas por ser um dos mais importantes homens gays da história do rock, uma pessoa com talento, inteligência e coragem. Com o perdão da ousadia, Bottum, você é o típico "DILF" – Daddy I'd Like to Fuck!

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