QUEERCORE

Queercore é um movimento cultural e social surgido na década de 80 como uma ramificação do punk. Abrange não só a música, mas a literatura, o cinema, a pintura, a arte em geral. Expressa a ideologia DIY (do it yourself – faça você mesmo) e o descontentamento com a padronização da sociedade, inclusive da comunidade gay. 


Na música, os artistas destacam-se sobretudo pela abordagem dos temas relacionados à identidade sexual e de gênero. A abordagem varia do protesto ao humor, mas sempre em tom crítico. Originalmente as bandas e artistas surgiram do punk e suas extensões, como o hardcore, porém outros estilos também foram influenciados pelo movimento. Ainda assim, é mais comum que apenas a música rock seja considerada queercore.


O movimento começou oficialmente com o zine J.D.s, de G.B. Jones e Bruce LaBruce. A publicação surgiu em 1985, emersa da cena anarquista e usava o termo “homocore”; depois substituiu o “homo” por “queer” para representar melhor a diversidade das pessoas e a dissociação total da “ortodoxia gay”. A primeira edição foi lançada com o manifesto “Don’t be gay”, publicado no fanzine Maximum RocknRoll, que inspirou depois vários outros zines, entre eles os também selos musicais Outpunk e Chainsaw (de Donna Dresch, do Team Dresch). 


Influências variam para cada profissional envolvido, mas é duvidoso que o Queercore teria existido sem a atmosfera do ano punk. Performers visivelmente tocados com as concepções de gênero, como Wayne County (agora Jayne County), da Wayne County & The Eletric Chairs, e Phranc, da Nervous Gender ou Pete Shelley, da Buzzcocks, Darby Bater da The Germs, e os membros das The Screamers, The Raped, The Leather Nun, Malaria! e outras bandas, não estavam interessados em esconder sua sexualidade. Em 1979, os membros da Nervous Gender disseram à revista Slash: “As pessoas pensam que somos estranhos porque somos queer".


Foi fundamental ainda para a propagação da proposta queer a adesão da estilista Vivienne Westwood, responsável pela estética punk ao vestir a banda Sex Pistols, ao estampar algumas de suas famosas camisetas com imagens homoeróticas de Tom of Finland, o ilustrador já chamado de “o mais influente criador de imagens pornográficas gays”. A junção do homoerotismo com o punk praticamente define o Queercore. Muitos artistas, de todas as áreas, simpatizaram com a proposta e a usaram em seus trabalhos.


No rock, embora artistas como David Bowie até sejam considerados queer, foi nos anos 80 que surgiram as primeiras iniciativas reais do movimento. A banda americana de hardcore The Dicks foi uma das primeiras a mostrar canções com temática homossexual. Outras como MDC e 7 Seconds passaram a apresentar mensagens anti-homofobia em suas músicas. Atualmente, entre as bandas mais famosas com essa proposta estão Limp Wrist e Pansy Division. A primeira talvez seja hoje o símbolo do Queercore, com seu rock rápido, pesado e cru, e o seu grande sucesso I Love Hardcore Boys. Por aqui, poucas e boas iniciativas. Nerds Attack!, Dominatrix, Textículos de Mary (que conseguiu alguma notoriedade na grande mídia) e a Teu Pai Já Sabe? são os destaques. Está última do curitibano Mamá, mentor de várias iniciativas queer e tido por alguns como o pioneiro, ou ao menos o principal nome, do Queercore no Brasil.



O importante é sempre ressaltar que uma banda gay não é necessariamente um banda queer, ou que uma banda queer não é exatamente uma banda gay. Queer é a contestação dos padrões sexuais e do estilo de vida. Talvez a mesma diferença que existe entre a ideia tradicional que temos do Pop e do Rock existe em ser gay e ser queer. Gay pode significar o estereótipo, e queer é a quebra de tudo isso.


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