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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

JOE STEVENS

O banjo é um instrumento originalmente desenvolvido pelos negros mexicanos, ainda à época da escravidão, e logo adotado por músicos brancos ambulantes. Da família do alaúde, hoje é muito usado na música folk dos Estados Unidos e pelo bluegrass, estilo tradicional americano, com raízes nas ilhas britânicas. É esta a principal ferramenta de trabalho de Joe Stevens, nosso belo, singular e talentoso homem a enfeitar nossas páginas.

Nosso banjoísta, ou “banjoman”, como é mais bonito, além de instrumentista, é cantor e compositor. Chegou em 2014 a realizar o projeto Songs of the People, em que escrevia canções inspiradas em entrevistas que fazia junto a pessoas comuns. Narrativas que, nas palavras do próprio Joe, representam uma maneira de chegar a um acordo com o passado, reintegrando o sentido muitas vezes quebrado de si mesmo. O primeiro volume do projeto está previsto para 2016.

Antes, ele tinha o grupo Coyote Grace, entre 2006 e 2012, com cinco álbuns lançados. Seu primeiro trabalho solo, Last Man Standing, é de 2014. Todos com belas baladas que revelam não apenas um delicado modo de compor, mas também um pouco do homem por trás das canções, todos seus anseios e experiências que só imaginamos, mas nunca de fato sabemos. É assim em Guy Named Joe, e as expressivas linhas “I build this childhood for a boy with my own two hands”, ou Ghost Boy, com “She is everywhere, I turn a shade of blue, I didn't come back to stay, I'm just a ghost boy walking through”. Ambas do primeiro Boxes & Bags, de 2006.

As duas canções trabalham com a ideia de um garoto em construção, alguém que Joe nunca teve pudores em apresentar desde que sua identidade e transição de gênero já estavam estabelecidas. Ainda que no príncipio de sua carreira, sua condição transexual não exatamente fosse apresentada ao público, aos poucos isto passou a não ser mais uma questão e foi se “naturalizando”. Joe é um homem que não tem nada a esconder.

Muito mais envolvido com a cultura queer do que exatamente com a ideia de que seja simplesmente um homem heterossexual, Joe também avalia que uma boa sorte que teve foi ser bem aceito na comunidade lésbica, ainda no início de sua transição. Não sofreu portanto as mazelas pelas quais muitas outras pessoas que passam por um contestação ou readequação de gênero costumam relatar. Talvez seja por isso que sua música seja tão delicada e pacífica, mesmo com a profundidade dos temas que suas letras abordam. Joe é um poeta, e que sorte termos acesso a sua poesia. Uma poesia leve e doce, como é bom que seja.

Fotos: Joe Stevens

domingo, 9 de agosto de 2015

SKYLAR KERGIL

ENGLISH VERSION HERE.

"Ei! Eu sou apenas o seu simpático vizinho, Skylar - queer, transgênero, artista, graduado, que adora montanhas e um bom café; e eu pensava que era moreno até minha barba me mostrar que eu era loiro um dia desses..."

Assim começa a apresentação de Skylar Kergil em seu site. Cantor, compositor, poeta, ativista da cena LGBT, que documenta no Youtube sua transição de gênero desde 2009. De Massachusetts, agora residente em Boston, Skylar é nosso primeiro homem trans entrevistado. De personalidade adorável, ele nos conta um pouco de sua história e opiniões.


CDOROCK - Como você começou a tocar e escrever música?

SKYLAR - A música entrou na minha vida quando era bem jovem, principalmente com meu pai dedilhando os mesmos quatro acordes no violão e lembrando de quando tocava em bandas de covers num passado distante. Eu rodeava aquele violão aos 11 ou 12 anos, até que o empunhei e não larguei mais. A poesia sempre foi uma força enorme em minha vida, e aprender a tocar música ajudou a me comunicar por meio de palavras de um jeito que eu nunca tinha feito antes.


CDOROCK - Você lançou um novo EP recentemente - Tell Me A Story. É o seu segundo álbum. Qual a diferença dele para o primeiro, Thank You?

SKYLAR - Uma das maiores diferenças é a maturidade dele. Thank You foi escrito ao longo de muitos anos, é uma espécie de combinação de muitas canções, variando trabalhos da época do colégio até os tempos de faculdade. Tell Me A Story foi escrito mais intencionalmente, durante um período mais curto - acho que foi uma explosão de criatividade em vez de seis anos dela. Tell Me A Story reúne alguns dos meus melhores amigos, cuja musicalidade e inspiração ajudou o EP a amadurecer para além do seu esqueleto.

CDOROCK - O estilo acústico é só uma preferência ou lhe ajuda a transmitir suas mensagens de alguma maneira?

SKYLAR - Eu prefiro tocar acústico principalmente pela capacidade de viajar com as canções. Também prefiro que minha música seja mais acessível e não precise de tecnologia ou eletricidade para existir - há algo de libertador e necessário nisso para mim.

CDOROCK - Você gostaria de explorar outros estilos no futuro?

SKYLAR - Certamente. Eu tenho curtido escrever canções de outros estilos como um desafio para mim e começo a adorar a maneira como esses elementos se fundem! Há também uma parte de mim que anseia por criar batidas. Eu só não pareço ter sorte com isso ;)

CDOROCK - Você tem influências para tocar e compor?

SKYLAR - É claro! Uma das minhas maiores influências é Elliot Smith, de quem as letras são também autobiográficas e seu estilo também permanece "lo-fi" muitas vezes. Por outro lado, Jack Johnson me inspira nos dias mais felizes.

CDOROCK - Quão autobiográficas são suas letras e poemas?

SKYLAR - Muito - Eu nunca percebi o quão bruta minha poesia era até que reli algumas coisas que escrevi alguns anos atrás. Minha escrita é simplesmente uma extensão de mim. Eu tento não pensar muito nisso para não ficar todo tímido com a vulnerabilidade disso tudo.

CDOROCK - Na música, nós não temos muitas referências de artistas queers, homossexuais ou transexuais. Mas você tem algum ídolo que ache que tenha contribuído com a visibilidade dos direitos da comunidade LGBT? Algum cantor ou banda que gostaria de citar?

SKYLAR - Eu realmente amo Lucas Silveira da The Cliks, uma banda canadense. Sua transição foi fantástica de ver e ele falou muito abertamente sobre isso e seu papel no ativismo. Mary Lambert é uma artista gay que eu também gosto muito, especialmente porque ela fala das intersecções queers, outras identidades, e música.

CDOROCK - Hoje em dia, há muitas pessoas transgênero contando suas experiências e se expondo na internet. Você, por exemplo, tem um canal no Youtube. Como essas iniciativas contribuem para ajudar outras pessoas social e politicamente?

SKYLAR - Compartilhando minha história, eu me encontrei numa comunidade, enquanto antes eu me sentia muito isolado na escola. A internet permite as pessoas transgênero a se conectarem, se sentirem empoderadas e dividir recursos. Para os aliados ou aqueles interessados em aprender mais sobre a comunidade, a vasta gama de narrativas pessoais permite uma perspectiva mais diversa do que significa ser trans - honestamente, é diferente para cada pessoa! Eu espero que essas histórias na web representem a maioria.

CDOROCK - Você vê uma possível sexualização dos homens trans atualmente na mídia? O que pensa sobre isso?

SKYLAR - Não estou tão certo como eu gostaria de que os homens trans estão desfrutando tão confortavelmente dessa visibilidade da mídia pelo modo como estão sendo retratados. No entanto, tenho notado definitivamente uma ideia de que "Trans é legal, trans é tendência!" e me preocupa que as pessoas trans possam passar da invisibilidade total nos meios de comunicação para a visibilidade reduzida a apenas um aspecto da sua humanidade - a de ser trans, e a obsessão com o corpo trans. Gosto de ver narrativas de experiências pessoais, como as de memórias ou os vlogs do Youtube, porque eu sinto que, dentro dessas mídias, as pessoas trans podem controlar a forma como sua história é contada, o que é crucial.

CDOROCK - Você percebe diferenças no modo como homens e mulheres trans lidam publicamente com sua condição e como eles são politicamente engajados?

SKYLAR - Seria difícil para eu responder a isso, já que tenho vivido apenas a minha experiência, mas eu acho que as mulheres trans que conheço experimentam os perigos de viver abertamente como "transgêneros" tanto quanto meus amigos homens trans. É impossível ignorar as taxas de violência contra mulheres trans. Isso me comove diariamente. Há uma urgência em nossas sociedades para aceitar mulheres, aceitar mulheres trans, e tratá-las com o respeito e dignidade que merecem.

CDOROCK - Para algumas pessoas "cis", a sexualidade não parece ser um grande problema, ou mesmo os rótulos sobre isso. Para algumas pessoas trans é diferente? Digo: a transexualidade, para além da questão do gênero, torna a sexualidade uma questão mais complexa?

SKYLAR - Eu não acredito que isso seja necessariamente verdade. Ser transgênero impactou minha orientação sexual apenas porque uma lésbica é uma mulher que gosta de mulheres - e eu não me identifico como uma mulher, mas o resto da sociedade sim... Então eu era lésbica? Eu quase não penso sobre isso - conhecer minha identidade foi mais importante do que colocar um rótulo nela.

CDOROCK - Pessoas trans ainda sofrem preconceito da comunidade gay e lésbica cisgênero?

SKYLAR - Com certeza! Isso pode acontecer de várias maneiras, seja pela exclusão nos espaços LGB ou sendo verbalmente assediado por outras pessoas LGB. Sinto admitir que a maioria dos meus agressores eram de dentro da comunidade LGB. Geralmente isso toma forma com comentários do tipo "Você sabe que você é apenas uma lésbica como nós - a gente sabe que você vai voltar atrás em sua transição e perceber o seu erro, você não engana ninguém" - isso entre as mulheres. Ou, por outro lado, por parte dos homens gays eu ouço "Você nunca será um homem, ninguém nunca vai querer você com seu corpo desfigurado". Pessoas são pessoas, elas terão preconceitos, independentemente se elas também são oprimidas ou de um grupo minoritário. Eu também tenho sido verbalmente agredido por outras pessoas transexuais; geralmente elas decidem se sou ou não "trans" o suficiente, sejá lá o que isso signifique. Eu opto por continuar sendo eu mesmo, se eu não quero que os outros me julguem, não vou julgá-los.


CDOROCK - Em um dos seus vídeos, você conta das dificuldades da sua transição sexual. Que conselhos você daria para as pessoas que vão começar com essa transição?

SKYLAR - Seja você mesmo. Pode ser uma longa jornada para descobrir suas muitas identidades, mas saiba que todos nós estamos ainda aprendendo. O melhor que você pode fazer é o melhor que você pode fazer - se você apenas está se questionando, ou se assumindo para os outros, ou escolhendo começar sua transição física, saiba que você só pode controlar suas próprias ações e reações, mas não as dos outros. Pode ser assustador, caramba, eu tenho tido muito medo durante minha vida, mas cada etapa dessa viagem valeu a pena. Eu me sinto completo, feliz e verdadeiro.

Fotos: Julia Luckett / Skylar Kergil / FTM Magazine

SKYLAR KERGIL [English Version]

"Hey! I'm just your friendly neighborhood Skylar - queer, transgender, artist, college graduate, lover of mountains and good coffee, and I thought I was brown haired until my barber told me I was a blonde the other day."

And so begins the introduction of Skylar Kergil in his website. Singer, songwriter, poet, activist in the LGBT scene, who documents on Youtube his gender transition since 2009. From Massachusetts, now living in Boston, Skylar is our first transman to be interviewed. With a lovely personality, he tell us a little of his history and opinions.


CDOROCK - How did you start to play and write music?

SKYLAR - Music entered my life at a young age, mainly with my dad jamming on the same four chords on guitar and reminiscing about playing in cover bands "back in the day." I gravitated toward the guitar when I was 11 or 12, picked it up and haven't put it down much since. Poetry has always been a huge force in my life, and learning to play music helped me communicate around words in a way I hadn't before.


CDOROCK - You released a new EP recently – Tell Me A Story. It is your second álbum. How is it different from the first álbum, Thank You?

SKYLAR - One of the biggest differences is the maturity of it. Thank You was written over many years, sort of a combination of many songs I had crafted, ranging from high school through post college workings. Tell Me a Story was written more intentionally, over a shorter period of time – think one creative burst rather than six years of them. Tell Me a Story also features some of my best friends whose musicianship and inspiration helped mature the EP beyond its acoustic skeleton.


CDOROCK - Is the acoustic style just a preference or it helps to convey your messages in any way?

SKYLAR - I prefer to play acoustic mainly for the ability to travel with the songs. I also prefer my music to be easily accessible and not require technology or electricity in order to exist – there is something necessary and freeing about that for me.


CDOROCK - Would you like to explore other styles in future?

SKYLAR - Absolutely, I've been enjoying writing songs in other styles as a challenge to myself and am beginning to love some of the ways these elements can merge! There is also a little part of me that longs to craft beats.. I just seem to have no luck with it ;)


CDOROCK - Do you have some influences to write and play?

SKYLAR - Of course! One of my biggest influences is Elliot Smith, whose lyrics were also autobiographical, and his style often remained lo-fi as well. On the other hand, Jack Johnson really inspires me on happier days.


CDOROCK - How autobiographical are your lyrics and poems?

SKYLAR - Very much so – I never realized how raw my poetry was until I reread some things I wrote a couple years back. My writing simply is an extension of myself... I try not to think about it too much or I'll get all shy with the vulnerability of it all.


CDOROCK - In music, we do not have many references of queer, homosexual or transgender artists. But do you have any idols that you think has contributed to visibility and rigths of lgbt community? Any singer or band that you like to name?

SKYLAR -I really love Lucas Silveira of The Cliks, a canadian band. His transition was fantastic to watch and he spoke very openly about it and his role in activism. Mary Lambert is a gay artist I really enjoy as well, especially because she speaks to the intersectionalities of queerness, other identities, and music.

CDOROCK - Nowadays there are many transgender people talking about their experiences and exposing themselves on internet. You, for example, even have a Youtube channel. How this initiative has contributed to help other people socially and politically?

SKYLAR - By sharing my story online, I found community with others whereas I had previously felt very isolated in my high school. The internet has allowed transgender people to connect, feel empowered, and share resources. For allies or those interested in learning more about the community, the vast array of first person narratives allows a more diverse perspective of what it means to be trans – honestly, it is different for every person! I hope that the web of these stories illustrates that most of all.


CDOROCK - Do you see a possible sexualization of trans men currently in the media? What do you think about it?

SKYLAR - I'm not so sure, as I would like to think the trans men who are enjoying media light are comfortable with the ways in which they are being portrayed. However, I have definitely noticed a notion of "Trans is cool! Trans is trending!" and it worries me that transgender people could go from being invisible, not in the media at all, to being visible in the media but reduced down to one aspect of their humanity – that of being trans – and the obsession with the transgender body. I enjoy seeing first-person narratives of experiences, like that of memoirs or vlogs on YouTube, because I feel that within those mediums, transgender people can control the way their story is told and that is crucial.

CDOROCK - Do you perceive differences in the way that transgender men and women deal publicly with their condition and how much they are politically motivated?

SKYLAR - It would be difficult me to answer this as I have only lived my experience, but I do find that the transgender women I know do experience the dangers that come with living openly as 'transgender' than my transmale friends do. It is impossible to ignore the staggering rates of violence against transgender women. It breaks my heart daily. There is an urgency in our societies to accept women, to accept transgender women, and to treat them with the respect and dignity that they deserve. 

CDOROCK - For some cis people, sexuality seems not to be a big problem or even the labels about that. For some transgender people is it different? I mean: transexuality, beyond the issue of gender, turns sexual orientation a more complex issue?

SKYLAR - I don't believe that is necessarily true. Being transgender impacted my sexual orientation only because a lesbian is a woman who likes women – and I didnt identify as a woman – but the rest of society identified me as a woman.. so was I a lesbian? I hardly thought about this though – learning my identity was more important than putting a label on what my identity is.

CDOROCK - Do trans people still suffer prejudice in cisgender lesbian and gay communities?

SKYLAR - Absolutely. This can occur in many ways, whether that be exclusion from LGB spaces or being verbally harassed by other LGB identified folks. I am sad to admit that the majority of my bullies identified within the LGB community; usually this has taken form withcomments  such as "You know you are just a lesbian just like us – we know you will transition back and realize your mistake, you're not fooling anyone" from the women's community. Or alternatively from the gay men's community I have heard "You will never be a man, no one will ever want you with your disfigured body." People are people, they will have prejudices regardless if they may also be oppressed or a minority group. I have also been verbally harassed by other transgender people, usually them deciding if I am or am not "trans" enough, whatever that may be. I choose to keep being myself; if I do not want others to judge me, I do not judge them.

CDOROCK - In one of your videos, you talk about the difficulties of sexual transition. What advices can you give to people who want to start this transition?

SKYLAR - Be yourself, it can be a long journey to discover your many identities, but know that we are all still learning. The best you can do is the best you can do – whether you are just asking questions, coming out to others, or choosing to begin your physical transition – know that you can only control your own actions and reactions, but you can't control those around you. It can be scary, heck, I've been scared for a lot of my life, yet every step of this journey has been worth it. I feel whole and happy and true.

Photos: Julia Luckett / Skylar Kergil / FTM Magazine

sexta-feira, 1 de março de 2013

TOM MORELLO

Ele é de Nova York e se descreve como o “Robin Hood negro da música do século 21”. A si ou a seu alter ego, The Nightwatchman, um roqueiro ativista que não conseguia se expressar politicamente com a banda que integrava até então, a Audioslave.

Parece inapropriado e inconcebível que um homem tenha de criar um projeto paralelo porque sua banda de rock não suporta um ativismo político, mas é a triste verdade desses novos tempos. Tom Morello, acostumado a se expressar com a Rage Against The Machine, precisou encontrar espaço.

Com um som mais voltado à música folk, The Nigthwatchman chegou a ser comparado a Bob Dylan e, primeiramente sem intenções comerciais, lançou seu primeiro single, No One Left, na coletânea Songs and Artists that Inpired Fahrenheit 9/11, que reuniu nomes que o cineasta Michael Moore ouvia enquanto criava o polêmico documentário sobre a invasão americana ao Afeganistão, após os atentados de 11 de setembro de 2001.

As guerras após o famoso atentado foram o que inspiraram também Tom Morello, que criou seu alter ego com o intuito principal de cantar as mazelas sofridas pelo povo consequentes desse episódio e os crimes de guerra que se seguiram. The Nightwatchman possui até o momento quatro álbuns. O mais recente é de 2011, World Wide Rebel Songs.

Tom, considerado um dos cem maiores guitarristas de todos os tempos pela Rolling Stone, ficou mais conhecido, entretanto, por sua atuação com a Rage Against The Machine, banda de “Rap Metal”, estilo cujo nome já diz tudo e que é uma das raízes do nu-metal. O RATM quase não precisa de apresentação. Tornou-se símbolo de um novo tipo de rock fortalecido na década de 1990, somando peso e prestígio, e boa parte deste justamente pelo ativismo político de suas letras, sempre engajadas a abordar os problemas da desigualdade social. Seu maior sucesso, Killing The Name, do primeiro álbum de 92 e do refrão “And now you do what they told ya”, é hino de uma época.

A banda sofreu uma pausa nos anos 2000 com a saída do vocalista Zack de La Rocha, e o restante da banda, incluindo Tom, formou com Chris Cornell a “não ativista” Audioslave, que já acabou. A RATM retomou as atividades em 2007 em shows inspirados pela indignação contra George W. Bush e Tom Morello finalmente reencontrou o seu espaço.

Sua necessidade de atuar politicamente é tanta que Tom até fundou a ONG Axis Of Justice, em parceria com Serj Tankian, do System of a Down, com o objetivo de unir músicos e fãs para lutar pela justiça social. O projeto costuma ter uma tenda em festivais onde as bandas dos moços tocam e também um show mensal transmitido pela rádio. O projeto lançou ainda um álbum ao vivo, chamado Axis Of Justice: Concert Series Volume 1, com a participação de outros músicos como Flea, Pete Yorn e Chris Cornell.

Sempre discreto, escondido geralmente em um boné, Tom Morello fez história com sua guitarra. Não tem a presença de palco dos dois frontmen que acompanhou pela carreira, mas não consegue esconder o charme quando decide soltar a voz. Muito menos quando a luz revela alguns botões abertos de sua camisa. E pensar que até outro dia este espaço custou a achar um galã negro significativo dentro do rock...

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