Mostrando postagens com marcador Industrial. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Industrial. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 23 de julho de 2013

MARILYN MANSON


"White trash get down on your knees
Time for cake and sodomy"

De tempos em tempos, surge a necessidade do grotesco. A vontade de uma transformação, seja sonora, visual ou de sentimentos e valores. Houve um instante nos anos 1990 em que os jovens buscavam não apenas por rock, mas por algo que os representasse na fúria e na diversidade da contracultura. Neste instante surgiu Marilyn Manson.

Porque havia algum tempo em que não aparecia um ídolo “alternativo” na grande mídia. Não alternativo apenas no estilo musical, mas nas ideias, na aparência, alguém que fosse rosto e voz de uma geração que nascia e carecia de um ídolo como só os punks, os góticos e outros tipos à margem do óbvio tiveram. Alguém contemporâneo a essa geração. Alguém... queer.

Pouco menos de três meses depois da morte de Kurt Cobain, apareceu no mercado “Portrait of American Family”, de um homem cujo nome, em sua visão, simbolizava o “último e mais perturbante dualismo da cultura norte-americana”. Produzido por Trent Reznor, o álbum e a banda trouxeram à grande cena o rock industrial, que Reznor já alastrava pelo mundo.

Com seu alcance comercial, Manson, se pode considerar, despertou muitos valores adormecidos. O Nirvana disparava como banda alternativa aos Guns and Roses do momento, mas ainda não dizia tudo. Madonna era o grande nome gay, mas pop demais. Era preciso um homem com a coragem da androginia, com canções de títulos como “Cake and Sodomy”, vestindo roupas femininas e acessórios sadomasoquistas, fazendo um som barulhento, distorcido, buscando o inaudível e o impronunciável, flertando com os limites da ética, da estética e da liberdade, um homem cadavérico a levantar a bandeira da blasfêmia e das sexualidades plurais, assim como a rainha do pop, mas com o peso da “música séria” e de fato incômoda, era preciso esse homem para afetar a tranquilidade e o conformismo que se espreitava. Porque o rock estava manso e hétero demais.

Os três primeiros álbuns representam bem esse momento e a persona Marilyn Manson. “Portrait of an american family” (1994), “Smells like children” (1995) e “Antichrist Superstar” (1996) foram modernos e clássicos ao mesmo tempo. Jogaram luz a um outro tipo de rock, justo no momento de luto do grunge, trouxeram o frescor da cena eletrônica, que só se fortaleceu, a ousadia punk, o sempre bem-vindo peso do metal e a cultura queer (e não gay) de saudosos Bowie e Iggy Pop. O álbum seguinte, “Mechanical Animals” (1998), também vale a pena ser mencionado, embora nesse momento Manson já comece a apelar à estética Glam (e gay) e a se tornar uma caricatura.

Mesmo assim, com aos altos e baixos da carreira, mesmo que sua ousadia não seja mais novidade, Marilyn Manson faz falta quando você não consegue lembrar de ninguém como ele, depois dele, do tamanho dele. Fazem falta o ruído e o peso de seu som e a maldade de suas letras quando você procura, mas não acha o que mais pode lhe impulsionar a animalizar os instintos e intensificar a coragem.

Marilyn Manson faz falta toda vez que um comercial de margarina com alguma criança meiga e plasticamente ingênua é exibido, ou quando aparece alguma cantora vestida de carne fazendo uma dance music de quinta qualidade. Marilyn Manson faz muita falta sempre que um homem de vestido esvoaçante percorre as ruas acenando ao povo, fingindo ser seu salvador. Sempre quando um papa nos acena, que saudades sentimos do nosso eterno anticristo.


"The Beautiful People, The Beautiful People
It's all relative to the size of your steeple
You can't see the forest from the trees
And you can't smell your own shit on your knees"

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

DER GRAF

Então alguém te indica uma banda. Você confere e curte o vocalista, ou melhor, você curte o único cara que aparece no vídeo pesquisado, o cara que por acaso canta.

Daí você nota que o som é muito semelhante ao de uma outra banda, talvez não por acaso do mesmo país, a Alemanha, e pensa que aquele pode ser um tipo de rock bem popular por lá, que se adapta bem ao idioma e ainda dá aquela cara de movimento cultural. Procura ler a respeito, e ao invés do fajuto Tanzmetall (Dance Metal), você encontra o pomposo Neue Deutsche Härte, ou New German Hardness, ou, quem sabe, Nova Dureza Alemã, ou “novo peso alemão”, ou sei lá, enfim, você já entendeu. Entendeu que é o tal Metal Industrial.

Mas Unheilig, a tal banda, cujo nome se traduz por “profano”, não é tão semelhante àquela que o seu som lembra. Você percebe uma melancolia maior, uma proposta menos sexual, mais nobre, tem assim uma tristeza, uma gotiquice. Parece tudo mais sentimental. Não fosse a predominância da língua alemã, você teria certeza.

Render-se ao inglês não é nunca necessário, você pensa, mas custa disponibilizar informaçõezinhas em inglês? – você conclui. Tudo oficial da banda está em alemão, e você lá, sem toda a disposição do mundo, procurando qualquer coisa que acrescente num texto que você gostaria de escrever sobre a banda. Você gostaria de apresentá-la aos outros, que não falam alemão, nem inglês. Mas tá certo, você compreende, o sistema é o sistema, a cultura é a cultura, fiquemos com a língua nativa.


Porém você sabe, você descobre, Unheilig se formou em 1999, tem 7 álbuns de estúdio, 4 ao vivo, 3 dvds e algumas outras coisas. O primeiro álbum é Phosphor, de 2000, e o mais recente até agora, Grosse Freiheit, de 2010. O mais famoso é Zelluloid (2004), ou ao menos o responsável pela ascensão da banda. Você também descobre que, antes um trio, a banda finalmente aderiu à bateria real, agora esses tempos, depois de 10 anos de estrada. Potti, o baterista, entrou para a Unheilig em 2009.


Uma coisa só te deixa encafifado. Duas. Três. Uma é boa: o cara é lindo, se veste muito bem, preza pela elegância e pela aparência de homem que domina pela inteligência e pelo charme. Sem falar na sua barba original. A segunda é que seu nome, Der Graf (O Conde), é um apelido, e você não encontra tantas pistas mais sobre ele. Com muito trabalho e sorte, descobri um nome: Bernd Heinrich. E talvez um ano: 1975. No mais, preguicinha... Terceira é falta de fotos. O site oficial é uma bosta. Tão preocupado com a já tão ultrapassada exclusividade de exibição, que só disponibiliza umas pequenininhas, em flash, coisa pobre. E Der Graf sempre tão vestido... Ô moço, faz isso não. Copia um pouquinho só o Rammstein, vai.

sábado, 19 de dezembro de 2009

TRENT REZNOR

Ele já foi considerado uma das 25 pessoas mais influentes da música, esteve entre os 100 melhores artistas de sempre, na opinião de Sir David Bowie, e já ganhou uns Grammy de “melhor performance de metal”, mesmo não sendo tão metal, além de fazer uns por fora, produzindo álbuns e canções de todo tipo de artista: Tori Amos, Jane’s Addiction, Busta Rhymes e, claro, seu colega mais famoso no “metal industrial”, Marilyn Manson. Ele é Trent Reznor, um dos maiores símbolos sexuais do “povinho dark”, e líder da banda da qual, na verdade, é o único membro: Nine Inch Nails.

O NIИ surgiu em 89, com o Pretty Hate Machine, portanto consideremos a banda como noventista, e seu estilo de “metal industrial” como característica dessa década, na qual ganhou mais notoriedade, pra quem achar que o grunge foi o único sopro importante do rock nesses anos. Afinal, o Nu Metal a gente desconsidera. O último álbum é de 2008, The Slip, lançado pela Internet, numa época em que a banda experimentava sobreviver sem as gravadoras. Trent comunicou o fim do NIИ no início deste 2009, 20 anos depois do início, anunciando “a hora de desaparecer por um tempo”.

Na sua mistura de rock e metal com música eletrônica, Trent Reznor não só ajudou a popularizar o estilo como também o tornou respeitado, mesmo dentro da quase hostil cena metaleira, e nomes como Pantera e Megadeth até quiseram ser remixados. No entanto, não sei se apenas uma impressão, mas a música do Nine Inch Nails muitas vezes me pareceu sobrepor a eletrônica ao rock, o que tornava o som mais “fraquinho”, se adjetivado como rock e comparado ao de outras bandas semelhantes.

Ainda assim, é um som impactante, e não só. O visual ao mesmo tempo moderno e retrô, dialogando com o pós-punk, o metal trevoso e – por que não? – o glam, mas de forma a sabermos que, sim, aquilo era anos 90. Inclusive a temática, os comuns sentimentos suicidas, destrutivos, sexualmente doentes, as blasfêmias todas, mas tudo com um suspiro mais despojado. Válida também a coragem que o grupo teve de lançar coisas como Happiness in Slavery, mundialmente banido, do álbum Broken, de 92, que continha ainda mais coisinhas “estranhas”, como Pinion. E é do NIИ uma das canções mais sensuais do rock, Closer, e sua célebre frase “I Wanna fuck you like an animal”. Quem, vendo aquela boca gostosa pronunciando isso, não abriria as pernas pro Trent?

E como abriríamos. Além de a cena do metal industrial ser um tantinho assim ambígua sexualmente, cortejando com mais conforto a diversidade, Trent nos últimos tempos, livre das drogas, nos surgiu com um visual sensualmente mais apelativo. De cabelos curtos e corpo musculoso, o cara conseguiu ficar ainda mais gostoso. Pena que seja tão difícil vê-lo sem roupa. O máximo que consegui foi um videozinho embassado e breve dele sem camisa. Mas diz aí: don’t you really wanna be fucked like an animal?

domingo, 5 de outubro de 2008

TILL LINDEMANN

Filho de poeta, Till também é um poeta. Não só por suas letras no Rammstein, mas literalmente. Cinqüenta e quatro poesias suas foram compiladas no seu primeiro livro, Messer, lançado em 2002. Além disso, é um músico bastante versátil, começou a carreira como baterista da banda First Arsch, já foi baixista, mas sua voz é que mais chamava a atenção e é hoje uma das principais a representar o metal alemão. 

O Rammstein aconteceu em meio a escapadas do guitarrista Richard Kruspe (outro belo caralho) entre as Alemanhas Ocidental e Oriental lá pelo ano de 89, mas só se “profissionalizou” por volta de 94 após a banda vencer um concurso de amadores. A partir daí foram conquistando a simpatia de muita gente como Trent Reznor (NIN) e logo se tornaram um fenômeno do rock, embora sempre cantando em alemão. Essa é uma característica curiosa da banda, que evita ao máximo se render ao inglês, mantendo alguma originalidade e auto-estima cultural. Para a banda, o alemão combina muito bem com o heavy metal, porque “é a língua da fúria”.

Tanto amor próprio gerou algumas interpretações errôneas sobre os rapazes, que já foram acusados de fascistas, de enaltecerem a raça deles através de mensagens subliminares em fotos e outras coisas. Tudo negado por eles, lógico. E com razão. O Rammstein possui uma postura até bastante “moderna”, “avançadinha”, bem longe de toda a titica nazista. Suas letras xingam os padres que chupam menininhos, atacam a homofobia, além de abordar, pra dar uma chocadinha, o canibalismo e o sadomasoquismo. 

O álbum de maior sucesso é o Sehnsucht (96), da estrondosa Du Hast, cuja tradução rende lorotas até hoje. Muita gente acha que o “hast” significaria “odeia” quando na verdade significa “tem” e na canção aparece como auxiliar de passado (assim como o “have” em inglês), o que é confirmado com o restante da letra (“Du hast mich gefragt”— Você me perguntou). A confusão se dá porque o “odeia” em alemão é “hasst” e a pronúncia, igual. Pra alimentar a confusão, a banda ainda fez uma versão em inglês da música intitulada “You hate” (“você odeia”). Pura gracinha. 

O último lançamento é o Rosenrot, de 2005, mas a banda promete novo álbum pro ano que vem, apesar dos boatos da saída de Till, que foram desmentidos. A banda tem um estilo bem híbrido, que dificulta a rotulação, mas são aceitos numa cena chamada NDH, ou Neue Deutsche Härte, ou ainda New German Hardness, que é uma coisa inspirada na música eletrônica. A banda mesma inventou o termo Tanzmetall, ou Dance Metal, mas são populares na verdade como “metal industrial”, ficando no mesmo balaio que Marilyn Manson, por exemplo. 

Till Lindemann é gostosão, tem cara de mau, de quem mete com força. Suas performances são um espetáculo à parte. Pra compensar o fato de que as pessoas não entendem o que canta, como ele próprio diz, Till recorre a pirotecnias e bizarrices diversas. Incendeia o corpo, se chicoteia, bate com o microfone na cabeça até sangrar, uma coisa de louco. Há quem diga que “outras bandas tocam, mas Rammstein queima!” e os colegas de banda afirmam que Till “queima o tempo todo, mas ele gosta da dor”. Os clipes também são curiosos. A este espaço interessa o de Mann Gegen Mann, do último disco. A música fala do sexo entre homens, numa tentativa de talvez soar simpatizante, mas o vídeo é meio toscão. A banda aparece nua, com “o que interessa” coberto pelos instrumentos. Ao mesmo tempo aparecem vários caras fortões se pegando. Till está com uma peruca horrenda, uma bota de drag, faz umas caretas, umas desmunhecadas, depois aparece com uma língua de cobra ou de lagarto, enfim, um absurdinho. 

Mil vezes a performance de Bück Dich, canção do Sehnsucht, em que ele simula comer o tecladista e ainda bota pra fora um pauzão de mentira jorrando sem parar um líquido branco. Till até joga na cara o líquido. E tudo isso bem macho, colocando o mundo sob seu pau. E é assim que tem que ser: MACHO, mesmo tomando porra na cara. Nem mais nem menos.

Some rights reserved