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sexta-feira, 25 de março de 2016

ANOHNI (ANTONY HEGARTY)

Um momento marcante da carreira de Anohni, até então mais conhecida como Antony Hegarty, é sua participação no filme francês Wild Side, de 2004, sobre uma transexual que precisa retornar à casa da mãe doente. Na curta cena, Anohni canta I Fell in Love with a Dead Boy em meio a outras transexuais, quase todas prostitutas das ruas de Paris. O timbre melancólico da cantora traduz a realidade daquelas mulheres, e de si mesma, e a letra da canção nos conduz a um estado de espírito semelhante, tanto pela tragédia emocional que retrata, a paixão por um garoto morto, como pelo questionamento de gênero em que culmina. Anohni canta e pergunta ao garoto da canção e logo a todas a sua volta: Are you a boy or a girl? E o olhar de todas nos diz como dói a pergunta.


Assim surge a cantora inglesa, também compositora e artista visual, com suas canções melancólicas, às vezes até mórbidas, em que amor e tragédia parecem indissociáveis, mas, sobretudo, em que o conflito da identidade de gênero é uma constante. Seu primeiro álbum é de 2000, dentro do projeto Antony and the Johnsons, com quatro trabalhos lançados. O mais popular, vencedor inclusive do Mercury Prize, premiação alternativa ao Brit Awards, mas de considerável prestígio, é o segundo, I Am a Bird Now (2005), cuja canção For Today I Am a Boy, é das mais expressivas a respeito de sua transexualidade.

Ahnoni sempre se mostrou uma artista extremamente sensível, com influências de Nina Simone a Diamanda Galás, e afinidade com diversos nomes da música pop que um dia já se colocaram em posição de questionamento de padrões heteronormativos, como o também inglês Boy George, com o qual gravou You Are My Sister. Suas canções, muitas ao piano, parecem ter a morte, o desamor e a baixa autoestima como temas constantes (Hope There's Someone e Cripple and the Starfish), cicatrizes talvez da condição de ter convivido com um corpo não condizente com sua verdadeira identidade. Sobre sua condição, já declarou: “Na minha vida pessoal, prefiro "ela". Eu penso que palavras são importantes. Chamar uma pessoa pelo gênero que ela escolheu é honrar seu espírito, sua vida e contribuição. "Ele" é um pronome invisível para mim, é algo que me nega.”

Melancolias que a tornaram uma das artistas mais ricas e profundas dos últimos anos, e uma das vozes mais belas. Seu talento no entanto a fortalece cada vez mais como mulher. Seu quinto álbum de estúdio, a ser lançado em maio de 2016, Hopelessness, é o primeiro sob a alcunha de Anohni, e dois singles já foram divulgados nas redes: Drone Bomb Me e 4 Degrees, que mostram mudanças no estilo da cantora, que agora também se abre mais a elementos da música eletrônica.

Este ano também, Anohni foi a primeira transexual a ser indicada a uma categoria do Oscar, defendendo a canção Manta Ray, do filme Racing Extinction. Como não foi convidada a cantar a canção durante a cerimônia, divulgou nas redes sociais que não compareceria à festa, dando a entender que sua imagem de transexual incomodava àquela indústria. A canção também não foi premiada, como muitos também já esperavam. Mas só quem perde de verdade são essas entidades arcaicas, que pouco ainda acrescentam à cultura da humanidade. Nós, que conhecemos Anohni, estamos com a vantagem.

Fotos: Divulgação

sábado, 23 de janeiro de 2016

BOY GEORGE

Primeiro o rock era negro, e transgredia. Depois ficou branco, mas, excessivamente sexual, transgredia. Vieram as drogas, a paz e o amor, e continuou a transgredir, como continuou em seguida com os espinhos metálicos nas jaquetas rasgadas e as notas simplificadas das guitarras. Até que maquiagens pesadas, sapatos plataforma, calças justas, laquês e o preto básico camuflaram o machismo, o sexismo, a homofobia e até o fundamentalismo. Restou ao pop os louros da transgressão.

Nesse intermédio que surgiu a Culture Club, banda inglesa liderada por Boy George, homem gay, afeminado, travestido. Oriundo do movimento New Romantic, que trazia o glam, a exuberância e androginia à cena, até como uma resposta ao punk, sua imagem era uma afronta, não porque nos fazia lidar com uma fantasia, uma brincadeira ou uma simples provocação, mas porque nos trazia uma verdade: Boy George era o que era, não se escondia. E deixava bem claro: “Eu quero que Culture Club represente todos os povos e minorias”.

Musicalmente, a banda abrangia muitos estilos, inclusive os mais inesperados para um homem como ele, como o reggae. Vinha na contramão da música eletrônica rasteira, tão presente em clubes noturnos, e do rock soturno dos guetos e do heavy metal dos rebeldes conservadores. É como se Boy George enxergasse além, mais do que esperaríamos compreender.

A banda surgiu em 1981, com o primeiro álbum, Kissing to be Clever, lançado já em 1982. Estouraram com o single Do You Really Want To Hurt Me e logo conseguiram uma carreira na famigerada América, sendo a primeira banda desde os Beatles a ter três canções no Top 10 daquele país. Do segundo álbum, Colour by Numbers, veio o grande sucesso, Karma Chameleon. Com o álbum, ganharam o primeiro Grammy e George fez o lendário discurso de agradecimento: “Obrigado, América. Vocês têm estilo, vocês têm bom gosto e sabem reconhecer uma boa drag queen quando veem uma”.

Como era de praxe à época, a decadência da banda começou com o vício de George em drogas, o que tornou sua carreira mais irregular, com muitos conflitos internos na banda, dando margem a uma carreira solo, iniciada com Sold (1987) e que já tem treze trabalhos. O mais recente, de 2013, This What I Do, foi o seu primeiro solo desde Sold a alcançar o Top 40 do Reino Unido, e chamado pelo The Guardian de “o melhor retorno do ano”.

Em tempos de um rock careta e covarde, extremamente branco, hétero e classe média, em tempos de um levante contra a discriminação aos "afeminados", é bom lembrar de figuras como Boy George, que oferece outros caminhos e novas perspectivas. O Caralho do Rock, com essa postagem, deixa claro que olhará com mais cuidado para outros estilos e identidades de gênero já que presencia uma fase em que “roqueiros” começam a ter medo de aparecer por aqui, por ser sermos gays e desviados demais. Que venha o novo.

sábado, 18 de abril de 2015

ELTON JOHN

Ele nasceu Reginald Kenneth Dwight, em Londres. Assumiu o nome artístico Elton John, em homenagem a dois companheiros de sua primeira banda profissional, a Bluesology, formada no início dos anos 1960. De lá para cá, tornou-se um dos cantores mais famosos do mundo, flertando com o jazz, o blues, o pop e o rock, e dono do single mais vendido da história.

A carreira de Elton é tão extensa e diversa que ficaria difícil enumerar todos as fases importantes. Bastaria, quem sabe, nos lembrarmos de que seu auge foi provavelmente nos 1970, quando foi considerado o segundo artista mais importante da década (atrás de Paul McCartney), período em que lançou seu segundo álbum, homônimo, e primeiro de grande sucesso (da canção Your Song), além de Goodbye Yellow Brick Road (1973) e Captain Fantastic and The Brown Dirt Cowboy (1975), outros grandes e muito bem colocados lançamentos. Seu mais recente trabalho é The Diving Board (2013), considerado pelas mídias especializadas uma retomada de sua melhor forma.

Durante muitos anos, Elton se destacou pelo talento como instrumentista e compositor, musicando grandes clássicos, entre eles letras do seu parceiro de longa data Bernie Taupin, com quem trabalha desde os primeiros álbuns (Bernie também é autor de A Love that Never Grow Old, vencedora do Globo de Ouro como tema de Brokeback Mountain e Candle in The Wind, aquela do funeral da princesa Diana e o tal single mais vendido de Elton John).

Elton também chamava muita atenção pelo seu visual, sempre extravagante, bem-humorado e provocativo, que lhe rendeu boas especulações a respeito de sua sexualidade. Embora tenha tido alguns envolvimentos com mulheres no início da carreira, assumiu sua homossexualidade e hoje é um ativista, casado oficialmente, tão logo isso foi permitido na Inglaterra, e pai por barriga de aluguel de duas crianças.
Elton também é fundador da Elton John Aids Foundation, fundada na década de 1990. O envolvimento de Elton com a causa dos soropositivos para o HIV se fortaleceu com a contaminação e morte de amigos próximos do cantor, entre eles o vocalista do Queen, Freddie Mercury. Desde então, Elton luta para apoiar a causa, arrecadar fundos de apoio a campanhas de prevenção e combate ao estigma daqueles que convivem com o vírus.

Hoje, aos quase setenta anos, Elton John é considerado pela Billboard o artista solo masculino mais importante de todos os tempos.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

HARRY JUDD

Quando um moço insiste em tirar a roupa, é preciso prestar atenção.

Ainda que não tenha lá um perfil que combine exatamente com este espaço, ainda que sua música não possa exatamente ser chamada de rock, não se pode recusar alguém que amadurece de maneira tão inebriante e provocativa. Um ídolo adolescente que cresce não apenas como músico, mas como homem. E, cada vez mais, sem roupa.

Confesso: não entendo e não conheço muito da música juvenil da última década, simplesmente não presto atenção em bandas cujo público parece se restringir a garotas histéricas dos seus 11 ou 12 anos. Mas não consigo, puto que sou, não sucumbir a qualquer integrante de banda que tenha seu corpo insistentemente exposto em revistas, sobretudo as gays.

Assim que comecei a prestar mais atenção em Harry Judd. Vira e mexe ele aparece como capa e recheio da revista inglesa Attitude, direcionada ao público gay, além de nos brindar com seu ótimo instagram e muita formosura em videoclipes.

Harry Judd, baterista britânico, ganhou mais notoriedade ao participar de uma espécie de “dança dos famosos” e a McFly, sua principal banda, tem conquistado cada vez mais popularidade. Formada em 2003, a McFly tem um som açucarado, fofo e bastante feliz. Não chega a incomodar aqueles com mais amor no coração e comumente, agora uma década depois de seu surgimento, é citada como influência para bandas similares com um sucesso aparentemente maior, sobretudo no mercado norte-americano, como a One Direction. O álbum de estreia já foi número 1 de vendas do Reino Unido e a banda foi considerada a mais jovem a ter um álbum de estreia nessa posição, desbancando os Beatles.

Ano passado, integrantes da McFly se uniram a integrantes da banda Busted e formaram o que chamam de um “super grupo”, o McBusted. Excursionaram por 2014 e em dezembro último lançaram um álbum, homônimo, deixando dúvidas se será este o novo caminho de Harry e sua turma.

Baterista, compositor, ator, esportista, peludinho e aparecido, Harry é um príncipe inglês. Com tantas selfies e ensaios fotográficos, não importa seu estilo de música ou se é casado (com mulher), ou em que banda toca. O que importa... Bem, o que importa é o seu “talento”, não é mesmo? Vida longa, Harry, saúde e muito sucesso. Esteja sempre por aí, ok? Love you :*

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