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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

JUNINHO SANGIORGIO [PARTE 2]

Quando, naquele 19 de setembro, no espaço do Dynamite Pub que tão prontamente nos recebeu, decidimos gravar em vídeo toda a conversa com o Juninho, o máximo que imaginei é que uma simples chamada da entrevista seria aproveitada. Não foi o que aconteceu. Houve material suficiente para uma primeira parte, em texto e com fotos [exclusivas, de juarez quem], e ainda para uma segunda, que chega agora no formato inédito de vídeo. 

Se na primeira parte [que pode ser acessada neste link], focamos mais um lado pessoal, e sobre a história das bandas de Juninho, deixamos para a segunda temas mais espinhosos, como o ganguismo sempre existente no meio punk, sobre a influência das bandas, em especial do Ratos de Porão, nessa violência, e os aspectos positivos e negativos, que resultam em muito preconceito, da filosofia straight edge – contra o uso de drogas.

E hoje é justamente o dia em que o Ratos de Porão celebra seus 30 anos de carreira, com show no Hangar 110, em reunião com integrantes de todas as fases da banda. Melhor data, improvável. 

Confiram!


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

REDSON

E numa madrugada, tudo muda.

Neste 28 de setembro chegou a notícia pelas principais redes sociais que o vocalista da banda Cólera, Edson Lopes Pozzi, havia morrido. 

O Cólera foi das principais bandas punks do Brasil e a que abriu as portas da Europa para os demais grupos brasileiros. Foi pelo ativismo de Edson, também conhecido como Redson, por suas correspondências e contatos com a cena estrangeira, que o punk brazuca conseguiu começar a fazer as suas turnês internacionais.

A banda surgiu em 1979, fundada por Redson e seu irmão Carlos. Participaram logo da primeira coletânea punk do País, Grito Suburbano, de 1982, ao lado de Inocentes e Olho Seco. Ao contrário de outros grupos da cena, assumiram com o tempo uma postura pacifista, antimilitarista e ecológica, e se destacaram dos punks “baderneiros” e “violentos” ao lançar o álbum Pela Paz em Todo o Mundo, de 1986, que vendeu mais de oitenta mil cópias, recorde para o estilo. 

O Cólera também se destacou por sua diplomacia com a mídia, o que lhe rendeu algumas participações em programas de TV e relação com bandas comerciais, como Plebe Rude, ao mesmo tempo que suas músicas gritavam a realidade da periferia paulista e os ideais anarquistas.

A surpresa ao conhecer mais a fundo o perfil da banda, e de Redson, não era rara, devido à imagem violenta, e muitas vezes preconceituosa, a que o punk se associou ao longo dos anos. Cólera, como uma das bandas mais tradicionais e prestigiadas da cena, era confundida com essa cena agressiva, até que fosse dado voz a Redson e ele disparasse posturas antirrepressivas, como quando falou sobre homofobia numa entrevista prum blog da MTV:


“Eu acho que a situação é simples e objetiva: cada um é cada um. O punk propõe essa postura, de você poder ser você mesmo dentro daquilo que você é e ninguém pode te julgar, te condenar ou te dizer o que você tem que ser ou não. Então as pessoas que têm essa postura homofóbica, que discriminam, não só o aspecto sexual, de gays, lésbicas, etc., mas o aspecto de você estar com uma roupa diferente, de você curtir uma outra coisa, de você escutar alguma outra música que não é punk, tudo isso é uma forma repressiva de lidar com essa realidade, então essas pessoas estão te coibindo, estão te pondo numa situação de repressão. E eu sou totalmente contra isso. Eu sou totalmente livre. Eu sou um cara livre, não me interessa o que acham de mim, me interessa o que eu acho de mim, e assim eu vou continuar.”

Há pouco comemoravam as três décadas de banda — provável que a mais longínqua do nosso punk. Uma história que termina, como todas ainda hão de terminar. Fica aqui a nossa lembrança do verdadeiro punk do Brasil.

sábado, 24 de setembro de 2011

MICHAEL STIPE


"O legado do punk rock é poder usar luzes de Natal o ano todo. Foi só isso que eles deixaram para nós, no fim"

Esta foi uma declaração de Michael ao site The Creators Project, em que divulgava o seu trabalho como artista plástico. Ele, que também se aventurou pela fotografia (com destaque para Two Times Intro: On The Road With Patti Smith) e pelo cinema, encabeçando a produção executiva de filmes como Velvet Goldmine e Quero Ser Jonh Malkovich, e por anos liderou uma das bandas alternativas de maior sucesso comercial que conhecemos, que nos anos 1990 assinou um dos contratos de gravação (com a Warner Bros) mais caros da história. E que, em dias de Rock In Rio, vale lembrar, foi eleita a banda mais carismática na terceira edição do festival.

O R.E.M começou em 1980 e foi por mais de 30 anos a banda de rock alternativo que surpreendia pela manutenção da carreira, e qualidade do seu sucesso. Para muitos, foi incomum que um tipo de som como o dessa banda de Georgia (EUA) conquistasse tantos ouvintes. Agora, como se sabe, foi anunciado em seu site oficial o fim do grupo que, segundo alguns, teria aberto as portas para o grunge, e compôs “a música mais triste do mundo”, Everybody Hurts.

O maior sucesso do R.E.M, porém, é Losing My Religion, do álbum Out Of Time, de 1991, cujo clipe é repleto de referências à “cultura gay”, com personagens bastante andróginos, como o já manjado São Sebastião, e moços dispostos de maneira ambígua. O vídeo é inspirado nas pinturas de Caravaggio, Pierre et Gilles e no trabalho do cineasta Andrei Tarkovsky, e a dança esquisita de Stipe é uma homenagem a Sinéad O'Connor, que dança esquisito também no vídeo de The Emperor's New Clothes. O verso “losing my religion”, segundo Michael, é inspirado numa expressão do sul dos EUA e indica algo como perder a civilidade.

Curiosa ainda é a evolução em torno dos boatos a respeito da sexualidade de Michael. Aids, romance com outros famosos (como com o caralhíssimo Stephen Dorff), tudo já surgiu. Questionado a respeito em 1994, ele veio com aquele papo de não-definições, mas atrações por ambos os sexos. Em 2001, se definiu como um “artista queer” e em 2008 finalmente assumiu o rótulo “gay”. Alegou na ocasião não compreender antes a importância do rótulo para as pessoas, mas que naquele ano percebeu o quanto significava se assumir daquele modo. Hoje, descansado do peso político ou conceitual das palavras, se expõe um pouco mais. Sua vida pessoal é mais aberta, até fotos com o namorado espalha pela internet.

Maduro, dando um caldo aos 51 anos, e sempre peludo, Michael Stipe, dos poucos artistas comerciais a se definir como “queer” (e estimular a pesquisa por essa ideia), disse “chega” e encerra um grande período da música pop. Não sem antes publicar um vídeo “artístico-safadinho”.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

MIKE NESS

Mais alguém acha o punk não tão punk assim? Pois quando eu era pequeno achava que o punk era a coisa mais violenta, nojenta e pesada do mundo, até que cresci e vi que, pode ser nojento, vez em quando até violento, mas dificilmente é pesado. Talvez por isso tenha originado outros estilos, como o hardcore. Não digo que o punk não tenha o valor que dizem, tem sim, por várias razões, eu apenas achava que era mais agressivo sonoramente.

Toda vez que conheço uma banda punk, das clássicas, lembro dessa minha impressão. Foi assim com Social Distortion, uma das responsáveis pela explosão punk nos anos 80, e um dos principais nomes do punk americano. Cheia de “hiatos”, por conta de problemas vários, como o esperado vício em drogas dos integrantes, o SxDx resiste até hoje, com Mike Ness, vocalista, guitarrista e principal letrista, como o único remanescente da formação original. Tem seis álbuns de estúdio; o primeiro, Mommy’s Little Monster, é de 83, e o mais recente, Sex, Love and Rock’n’Roll, de 2004. Promete um novo álbum para estes 2010, ano em que vem ao Brasil pela primeira vez. Aliás, é daqui a pouquinho, com o primeiro show marcado para 15/04 em Porto Alegre. Chega a São Paulo dois dias depois, 17/04.

O som da banda mudou um pouquinho desde o surgimento, o que considero até positivo, e bem charmoso. Dá pra ver que não foi nenhum leilão de almas, apenas uma transformação interna. Do punk simples, passaram pela obviedade do hardcore, até o rockabilly e um tal de cowpunk, inspirado em caras como Johnny Cash. Dá pra sacar em muitos momentos a admiração de Mike, principalmente de Mike, pelo universo dos cowboys americanos. E não sei por que considero esse tipo de mudança, a despeito da qualidade do som, um sinal de maturidade. É como se o punk fosse essencialmente adolescente, nos defeitos inclusive, enquanto outros tipos de músicas, intimistas, interioranas, ou nem tanto tudo isso, fossem a (busca pela) maturidade.

Maturidade que parece lhe cair muito bem. E ser tudo o que resta, pois não é que não achei de jeito maneira muitas imagens suas de quando jovem? A maior parte, conseguidas principalmente no site e no myspace da banda, são recentes, ou próximo disso. Mas dá pra sacar que ele sempre teve talento pra galã. Na falta de fotos, podemos ter uma idéia nos clipes. Embora a Sony faça o favor de não habilitar o compartilhamento dos vídeos para as redes sociais, tão importantes hoje para a cultura, sou gentil o bastante para linká-los. Confiram Ball and Chain, de 90, Bad Luck, de 92, e I Was Wrong, de 96. Mike também lançou dois discos em carreira solo, ambos em 99: Cheating at Solitaire, e Under the Influences. Os dois com forte inspiração country, sendo o segundo apenas de covers. Curti bastante e indico No Man’s Friend, do primeiro.
No man's friend by cdorock.
Mike Ness, beirando os 50, chega logo mais no Brasil, para conferir esses fãs cuja existência para ele é uma surpresa. Mais tatuado e estiloso do que nunca, um caralho do rock bem bom. Dia 17 de abril, no Via Funchal. Bora colar lá?

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