quarta-feira, 2 de setembro de 2015

PAUL MASVIDAL

O companheiro de banda dele, o baixista Sean Malone, declarou que sentia orgulho de Paul e do baterista Sean Reinert, que decidiram revelar a homossexualidade publicamente. Malone disse que os amigos sabiam que aquela atitude no fundo não era sobre eles, mas sobre o garoto lá fora, sofrendo em silêncio, que poderia enxergar neles uma fonte de coragem.

Foi há pouco mais de um ano, já na metade da segunda década do novo milênio, mas a revelação da homossexualidade de um músico, sobretudo do rock, ainda causa surpresa e rende assunto.

Paul Masvidal, nascido em Porto Rico, tem uma carreira prestigiada no metal underground americano, embora seus principais trabalhos tenham uma distância considerável entre eles. Destacou-se participando brevemente da banda Death, no álbum Human (ouça Lack of Comprehension), de 1991, um dos mais vendidos do grupo que foi bastante influente para o death metal.

Seu projeto mais importante e autoral, entretanto, é a banda Cynic, formada no fim dos anos 1980, cujo primeiro álbum, Focus, foi lançado em 1993. Depois disso, um grande hiato aconteceu e o segundo álbum só foi lançado em 2008 (Traced in Air). O mais recente é Kindly Bent to Free Us, de 2014.

Paul sempre se sentiu desconfortável com o machismo do rock pesado, e tem algumas más lembranças em sua trajetória, como quando se sentiu hostilizado pela plateia do Cannibal Corpse, ao abrir um show para eles. Admite que assumir a homossexualidade não é fácil, ainda mais quando se quer crescer na carreira. Mesmo com exemplos como o de Rob Halford (Judas Priest), a cena continua homofóbica.

O que é uma pena. Paul não é o primeiro, não será o último roqueiro gay da história. Existem muitos, e ele mesmo reconhece isso. O Caralho do Rock mesmo ainda é procurado para falar sobre o exotismo que é haver gays curtindo rock. Depois de tantos nomes, tantos exemplos, não deixamos de ser novidade.

Que Paul, sempre belo, ainda mais agora depois dos 40, consiga continuar tranquilo com a escolha que fez ao se assumir, e continue nos presenteando com seu talento e importância neste universo ainda tão carente de velhas transgressões.

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